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segunda-feira, 29 de abril de 2013

A SENHORA HOLLE - conto






Era uma vez uma viúva que tinha duas filhas, uma bonita e aplicada e outra, feia e preguiçosa. Acontece que a viúva gostava mais da feia e preguiçosa e a outra tinha de fazer todo o trabalho da casa. Certo dia, a menina foi tirar água no poço, debruçou-se demais para puxar o balde e acabou caindo no fundo. Quando acordou e recuperou os sentidos, estava num lindo gramado com milhares de flores e o sol brilhava. Caminhou pelo gramado até se deparar com um forno repleto de pães. O pão gritou: "Me tire daqui, me tire daqui, senão vou queimar, já estou assando faz tempo!" A menina prontamente tirou o pão do forno e continuou caminhando até encontrar uma árvore carregada de maças, que pediu à ela: "Ei! me sacuda! Me sacuda! Minhas maças estão todas maduras!" Então ela sacudiu a árvore e as maças caíram como chuva e ela não parou de sacudir até não restar mais nenhuma na árvore. Depois seguiu adiante e acabou chegando numa casa onde morava uma velhinha dentuça que estava à porta. Temendo os dentes grandes da velhinha, ela quis fugir dali, mas a velha chamou: "Não tenha medo, boa menina, fique comigo e, se fizer o serviço direitinho, você vai passar muito bem. Só tem de cuidar muito bem da minha cama e sacudir muito bem o cobertor para que as penas voem, porque aí neva na terra. Eu sou a senhora Holle". Como a velha falou com carinho, a menina concordou e começou a trabalhar. Cuidava de tudo do jeito que a velha gostava e também sacudia o cobertor com força e em troca levava uma vida tranquila. Nunca ouvia palavras duras e comia carne assada ou cozida diariamente. Ficou assim durante um tempo com a senhora Holle, quando começou a sentir tristeza em seu coração e, ainda que ali fosse mil vezes melhor do que sua casa, ela sentia saudades. Então disse à velha: "Sinto saudades de casa e, apesar de passar muito bem aqui, não posso ficar por mais tempo". A senhora Holle disse: "Você está certa e, como serviu com tanta lealdade, vou levá-la para cima pessoalmente". Então conduziu a menina pela mão até um enorme portão, que se abriu. Assim que a menina passou por ele, uma pesada chuva de ouro caiu sobre ela e todo o ouro se prendeu em sua roupa e ela ficou dourada dos pés à cabeça. "Isso é para você, por ter sido tão aplicada e dedicada", disse a senhora Holle. Então o portão se fechou e ela voltou para a casa da mãe e por estar coberta de ouro foi bem recebida.
Quando a mãe ficou sabendo como ela havia chegado a tamanha riqueza, logo desejou a mesma sorte para outra filha e tratou de fazer com que ela também caísse no poço. A menina acordou no belo gramado e seguiu o mesmo caminho da irmã. Caminhou até deparar com o forno repleto de pães. O pão gritou de novo: "Me tire daqui, me tire daqui, senão vou queimar, já estou assando faz tempo!", mas a menina se negou, dizendo: "Não estou com a mínima vontade de me sujar!, e foi embora. Logo chegou à macieira, que pediu: "Ei! Me sacuda! Me sacuda! Minhas maças estão todas maduras!" E a menina respondeu: "Nem pensar. Não quero nenhuma maça caindo na minha cabeça", e foi embora. Quando chegou à casa da senhora Holle, ela não sentiu medo, porque já tinha ouvido falar de seus dentes grandes e logo se ofereceu para trabalhar. No primeiro dia, ela se esforçou e fez tudo que a senhora Holle pediu e quando a senhora Holle dizia alguma coisa, ela pensava no ouro que iria ganhar. Mas no segundo dia ela já começou a preguiçar, no terceiro, mais ainda e nem quis levantar cedo da cama e arrumou muito mal a cama da senhora Holle, nem chegou a sacudir o cobertor para que as penas voassem. Passou um tempo e a senhora Holle se cansou e acabou dispensando a menina preguiçosa do serviço. A feiosa ficou bem satisfeita, pensando que agora viria a tal chuva de ouro. Então a senhora Holle também a levou até o portão, mas quando ela o atravessou não foi uma chuva de ouro que caiu sobre a cabeça dela e sim um enorme caldeirão de piche. "Esse é o pagamento pelos seus serviços", disse a senhora Holle e bateu a porta. A menina voltou para casa toda coberta de piche e não conseguiu removê-lo enquanto viveu.

Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos  (1812) - Tomo I
Jacob Grimm e Wilhelm Grimm
ilustrações - J Borges
tradução - Christine Röhrig
pág. 132 - 134
Editora Cosac Naify
São Paulo, 2012.

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Médico na Escola
Dr José Carlos Machado
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