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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ANTOLOGIA POÉTICA - Cecília Meireles (resenha de livro)






ANTOLOGIA POÉTICA
Cecília Meireles
coordenação editorial - André Seffrin
Editora Global - terceira edição - 335 páginas
São Paulo, 2013.

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
 
 
 
Foi a própria autora que selecionou esses poemas que refletem sua poesia intimista e reflexiva, revelando uma profunda sensibilidade feminina em versos que realçam a melancolia, tristeza, sonhos repletos de lirismo e encantamento.
Cecília morreu cedo, aos 63 anos e fez parte da segunda geração modernista do Brasil, esta obra foi inicialmente publicada em 1963 e é considerada uma espécie de auto-retrato da poetisa que conquistou um grande sucesso de público e de crítica desde suas primeiras produções.
 
José Carlos Machado. 

 

Artigo 08


SEXUALIDADE & ADOLESCÊNCIA


Quando pensamos no adolescente com seus treze, quatorze anos e nos preocupamos com toda a dificuldade de convívio, que muitas vezes é extremamente comum, esquecemos de olhar para trás e ver que muitos outros fatores culminaram nessa fase, que na verdade, trata-se exatamente disso, de uma fase, muitas vezes tristonha e carregada, que ao observarmos de fora achamos quase que duradoura, mas é preciso lembrar de outros pontos que podem nos tranqüilizar mais.

Assim como com aproximadamente três anos a criança nos surpreende quando fala pela primeira vez a palavra EU e mais do que isso tem a sensação de ser algo independente de sua mãe, e começa então de uma maneira bastante significativa o início de uma separação não só de corpos, embora tanto o corpo etérico da criança e de sua mãe estejam bastante imbricados, já há na cabeça daquela criança a idéia de ser isolada dos outros, adquiriu uma identidade própria e daí para frente essa sensação vai alicersando-se cada vez mais e mais até que por volta dos sete anos, o primeiro setênio se encerra com o aparecimento dos dentes definitivos e aqueles assim chamados de “leite” dão lugar aos definitivos, em outras palavras, aquilo que foi herdado é substituído por algo que lhe é próprio, nessa fase de vida ela já teria condições de ser alfabetizada, pois uma maturação de seu sistema neurossensorial já a capacitaria para ligar-se com maior atenção às histórias que lhe são contadas, prestando atenção aos detalhes e podendo manter-se mais concentrada em novos conceitos que pacientemente a professora pode lhe expor; então vemos como é interessante notar como tantas crianças nos dias de hoje são tão precocemente  alfabetizadas , não levando em conta esses detalhes que, de fato, fazem a maior diferença.

Então já estamos nos sete anos e a criança é então alfabetizada, vamos supor que a chamada separação dos corpos etéricos entre a mãe e criança aconteceu da melhor maneira possível, pois aqui podem ocorrer muitos contratempos que agora não são de nosso interesse esmiuçar, imaginemos portanto que esta criança vem desenvolvendo-se de uma maneira satisfatória e que tímida ou espevitada, interessa-se pelo mundo e sente alegria em viver, pois é justamente nesse ponto que precisamos ficar atentos, se apresentamos um mundo à criança onde é possível que se diga ser um “mundo BOM” agora onde há uma confiança no que a cerca, ela, criança, pode experimentar uma outra faceta do mundo, pois agora ele apresenta-se “BELO” e esta é a tônica que rege o segundo setênio e quando tudo parece andar bem, surge lá pelos nove/dez anos um outro tropeço, que chamamos de rubicão, pois é na verdade uma parada e que em algumas crianças antecedem, ou pelo menos, nos dão a idéia de como será a sua adolescência. Quando aos três anos a criança descobre o EU e podemos de certa forma, dizer que então que seu sistema neurossensorial encontra-se bastante “ligado”ao mundo, agora aos nove anos há experimentação do sentir e por sua vez é o sistema rítmico que é envolvido, aí a criança descobre que o seu sentimento também é individualizado, ou seja, o que a família e ela própria sentiam, como que em conjunto, tem agora a característica de fazer parte de seu ser, individualizando e particularizando um sentimento que pode até ser comum com das outras pessoas de seu convívio, mas que certamente passa agora pelo seu aval. É uma fase difícil pois o choro também se torna para algumas crianças muito rotineiro e para algumas, especificamente, pequenos contratempos cotidianos, pequenos desentendimentos do dia-a-dia ganham uma proporção enorme, os sentimentos ficam literalmente “à flor da pele”.

Continuando a biografia dessa criança chegamos à adolescência e já se passaram dois setênios, com ricas experiências e agora aos treze/quatorze anos há também uma nossa observação de mundo que passa a ser “VERDADEIRO” e por conta disso não há mais espaço para a mentira, a criança, que a bem da verdade, não é mais criança, embora não seja ainda adulta, quer e pode argumentar e eles nos inundam com uma série de argumentações e justificativas para conseguir aquilo que querem, especialmente as atividades em grupo, pois é no grupo que o adolescente encontra a força que individualmente ainda não conquistou plenamente, e como já sabem parlamentar e seduzir muito bem, pois aprenderam com os adultos em todos esses anos, podem agora questiona-los e muitas vezes, impor suas vontades e opiniões independente da seus pais, o que só aumenta o conflito e os afasta ainda mais e que a resposta mais acertada de nossa parte, enquanto adultos, seria a de por um ante-paro e segurar a nossa autoridade, pois agora, adultos que somos podemos ser responsáveis pela autoria de nossas própria ideia u opinião, é daí que vem a palavra “autoridade” e com isso suportar a dor e frustração de nossos filhos quando ouvem um sonoro “NÃO” pois nessa fase de vida é difícil ouvir essa resposta. E quando seria o mais natural nós lembrarmos que é o momento em que eles precisam destruir para poder então construir, só que muitos pais ficam muito ansiosos com isso, pois eles se afastam e aquelas dóceis criancinhas dão lugar a moças e rapazes estabanados, que tropeçam e caem, derrubam as coisas, são muitas vezes desengonçados, mas isso tudo é muito lógico quando olhar e ver que agora é a vez do outro sistema que integra a nossa corporalidade desabrochar em todo o seu esplendor, o sistema metabólico-motor se abre e é preciso um certo tempo para o jovem aprender a lidar com seus membros e todo o seu corpo. E são muitas as transformações que passam por ele: fisicamente, hormonalmente, estruturalmente e até ideologicamente esse jovem não é mais o menino ou menina de alguns poucos anos atrás e faz questão de deixar isso bem claro e não vão os pais agora querer tratá-los como antes, porque certamente não irão conseguir. No processo de destruição há lutos que precisam ser respeitados, o primeiro é o próprio luto do corpo, pois já não são meninos ou meninas, o corpo ganhou novas formas, as meninas já tem seios e muitas já menstruaram, os ganharam músculos e distribuição de pelos pelo corpo, a voz modifica-se, mas em contra-partida ainda não são homens ou mulheres; há o luto da identidade dos pais, que também tem o seu peso, então aquilo que os pais falavam e de certa forma não era muito questionado, adquire aqui, via-de-regra, um embate quase que frontal e diário, então o jovem começa a questionar os pais que falam que não devem fumar e que fumam, que dizem para não mentir e pedem ao filho para dizer que não estão em casa quando alguém liga o telefone, enfim, essa contradição agora é checada e se não verbalizada, não passa absolutamente incólume. Fala-se de um período sombrio e realmente o é, pois esses lutos geram perdas que o jovem precisa passar para poder crescer, há a perda de seu corpo de criança e há também a perda do mito dos pais, que tem os mesmos defeitos de todo mundo, mas que continuam seus pais e isso pode ser observado e valorizado mais tarde, embora durante o luto isso possa não aparecer. Os jovens que tem a vivência com algum instrumento musical tem aqui uma grande companhia pois nesses momentos solitários e muitas vezes, escuros, podem ter a sensação do colorido da música, ou a escrita e diários e verdadeiros romances para aqueles que preferem expressar-se através dessa arte, muitos gostam de optar por aventuras mais radicais e desafiam o perigo até para provar que são capazes de vencê-lo e para esses casos é preciso ficar-se atento. De todo modo dos pais é essencial que se cumpra a função que é inerente e esperada deles, ou seja exercer a sua autoridade com a dignidade que isso significa, aguentar muitas caras amarradas quando as coisas não saírem exatamente do modo como seus filhos gostariam que saíssem e confiar principalmente naquilo que semearam tempos atrás e talvez, especialmente nos dias de hoje, rezar e pedir ao anjo da guarda de seu filho que o proteja e o resguarde.


Dr. José Carlos Neves Machado



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Artigo 07



ALIMENTAÇÃO COMO ATO EDUCATIVO



ALIMENTAÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS:

Os povos antigos tinham uma relação natural com o ambiente, com a natureza que os rodeava, com as plantas e com os animais. Existia uma harmonia entre o homem e a natureza. Nos dois últimos séculos, o homem foi perdendo cada vez mais seus instintos naturais, criando-se assim uma insegurança quanto à alimentação e a cura. Para substituir a percepção natural, surgiu então a pesquisa científica que, no decorrer do tempo, foi aprimorando-se cada vez mais.
Chegou-se então ao conhecimento das proteínas, gorduras, hidratos de carbono, minerais, vitaminas e inclusive seus valores nutritivos.

Lavoisier, Claude Bernard e outros introduziram a fisiologia alimentar segundo a qual todas as substâncias alimentares são encaradas do ponto de vista físico e químico, analisando os minerais encontrados no sangue, chegou-se à conclusão que estes eram necessários nos alimentos consumidos e, portanto no processo de adubação do solo deveriam ser incorporados, surgindo assim dessa maneira à adubação química das plantas nutritivas com a adição de fertilizantes solúveis; nitrogênio, fósforo e potássio (N-P-K), são substâncias que as plantas começam a receber de uma maneira artificial em escala cada vez maior, comprometendo sua vitalidade (por exemplo, os resíduos do nitrogênio – nitratos – que transformados em nitrosaminas, estes terrivelmente tóxicos e cancerígenos).
Mas justamente com esse avanço, com a adubação artificial, os solos se empobrecem cada vez mais no que se refere às substâncias orgânicas (húmus) e as plantas enfraqueciam, tornando-as menos resistentes às pragas, sendo necessário mais uma vez à intervenção do homem, com a aplicação de pesticidas em escala cada vez maior e o mecanismo todo então se repete.
Plantas desnaturadas, alimentos transgênicos, produtos criados artificialmente (hidroponia), conservantes, acidulantes, riboflavorizantes, aromatizantes, excipientes, espessantes, enfim, toda uma grande contribuição científica na preparação e na conservação dos alimentos consumidos pelo homem moderno devem nos vir à mente quando refletimos sobre aquilo com que nos alimentamos hoje.
Feurbach já dizia no século XIX – O Homem é o resultado daquilo que come. Ao observarmos aquilo com que nos alimentamos atualmente, surge a pergunta: - Afinal qual é a situação com a qual nos defrontamos hoje frente à questão alimentar?
- A grande desnutrição protéico-calórica nos países atrasados e pobres
- A hipernutrição, principalmente protéica, nos países mais ricos, ditos civilizados, com uma oferta exagerada de alimentos.
- A desnaturação através da conservação dos alimentos provenientes de todos os países do mundo e de todas as estações do ano ao mesmo tempo.
- Alta toxicidade desses alimentos “fabricados” devido à adição de substâncias químicas (corantes, conservantes, etc), muitas delas comprovadamente tóxicas.
- Baixa qualidade alimentar, a qualidade é substituída pela quantidade através da adubação química visando a um maior lucro e a ilusão de acabar com a fome de grandes massas populacionais.
- Aumento cada vez maior das moléstias metabólicas, contribuindo com isso a falta de movimento do homem e o grande descuido desse para com a natureza e conseqüentemente dos alimentos provenientes dela.
- Exagerado culto à forma física perfeita, um corpo físico delineado através de procedimentos ligados exclusivamente à insuflação de fora para dentro (anabolizantes, lipoaspirações e próteses de silicone), fazendo o ser humano transformar-se em uma caricatura de si mesmo.
- A refeição como um ritual familiar, ou mesmo como algo sagrado cedeu sua vez, principalmente nos grandes centros urbanos, para o fast-food e pela praticidade das comidas congeladas que são consumidas pelas pessoas ou em pé, ou na frente dos aparelhos de televisão e as novas gerações muitas vezes, nem possuem a lembrança de uma refeição preparada, compartilhada pela família, todos sentados em volta da mesa.
Algo muito importante foi deixado para trás, algo foi perdido no desenvolvimento da humanidade e que precisa ser urgentemente resgatado. Na Antigüidade, a refeição possuía um significado todo especial. Não se tratava apenas de receber o alimento no sentido físico, mas o alimento espiritual. O próprio pão que era feito quase que exclusivamente de centeio, passou a ser substituído pelo trigo, este não contém lisina que é um aminoácido essencial, o centeio possui um valor nutritivo mais amplo e completo do que o trigo e este era utilizado em rituais e em determinadas ocasiões, em outras palavras era a base para vivências espirituais e não propriamente biológicas, para alimentar-se utilizavam de outro cereal, o centeio, mais forte e mais robusto que o trigo que não nutre integralmente o homem.
Os reis recebiam os cavaleiros e viajantes que eram convidados para as refeições e quando aí se reuniam, em torno das mesas (távolas), divulgavam as notícias de outros lugares, contavam suas aventuras e suas façanhas, havia, portanto uma troca; quando um rei de um lugar visitava outro reino, trocavam experiências, inclusive receitas e era comum presentear os anfitriões com produtos e iguarias típicos de sua região. As visitas acabavam somente quando a fome e a sede estivessem devidamente saciadas e isso podia se prolongar por dias e dias. Na Idade Média os banquetes eram a ocasião propícia para o relato dos grandes feitos e das conquistas dos grandes cavaleiros e as pessoas ficavam tantos dias para comer, aguardando a sua vez de falar, quantos fossem necessários para se narrar todos os acontecimentos. Grandes decisões e importantes alianças eram, ao redor da mesa, estabelecidas, casamentos eram decididos, assim como invasões e alianças entre as nações. As trocas sociais aconteciam aí. Atualmente os almoços e os jantares de negócio parecem que cumprem essa função, embora outros elementos estejam aí incluídos (celulares, laptops, etc).
A refeição comum cria relações entre as pessoas.
A palavra companheiro contém este elemento com = comum, pan = pão. Comer em companhia de alguém é mais agradável.
Na refeição há a união do espiritual que vem do alimento com o anímico (que provém da alma) das pessoas, formando uma aura toda especial. Talvez seja dessa idéia que nos referimos ao dizer que “não engolimos bem” quando alguma situação não se apresenta devidamente clara, em outras palavras, existem certas pessoas e situações que são realmente “difíceis de engolir” como uma clara alusão à importância que damos a tudo aquilo que entra em nós (assim como o alimento), mas que muitas vezes não nos apropriamos dessa significação.
Certas regras sociais, que até hoje são obedecidas, não são apenas mera questão de etiqueta, mas obedecem às necessidades básicas do ser humano. Infelizmente, em muitas atividades e ocasiões, estas regras não são tão valorizadas como deveriam ser, como, por exemplo, prestar atenção se todos foram devidamente servidos, esperar para comer até que todos estejam servidos, oferecer mais alimento quando alguém termina, esperar para se servir até que o outro já o tenha feito, enfim, na mesa devemos nos ligar uns aos outros, demonstrar profundo interesse e se preocupar se as pessoas se satisfizeram com aquilo que lhes foi ofertado. Se e quando isso acontece, se forma uma atmosfera livre e agradável e as pessoas à mesa, sentem-se à vontade e podem digerir aquilo que comeram com maior prazer.E isto é possível justamente porque quando comemos acolhemos vida em nós, que é desprendida pela substância e nesses encontros acontece uma série de fatores onde isso poderá acontecer, parece contraditório observar-se isso em uma praça de alimentação de algum shopping center, ou quando engolimos rapidamente um sanduíche em algum balcão de lanchonete, o sagrado não acontece, até porque o próprio alimento ingerido é quase que completamente desprovido de vida. Se não dispomos de tempo para fazer tranqüilamente uma refeição, é preferível que não se faça; infinitamente mais saudável é comer com vagar, mastigando e apreciando aquilo que se come, do que comer tudo às pressas, é preciso que se re-aprenda o significado do que é refeição (ato de refazer as forças), ou seja, adquirir novas forças espirituais, muito mais do que simplesmente comer.
Max Planck dizia: Vida é Espírito e Angelus Silesius: O alimento que existe no pão não é o pão. É a palavra eterna de DEUS, é Vida, é Espírito.

O HOMEM DEVE SER SENHOR DO SEU CORPO FÍSICO SE QUIZER USÁ-LO COM SABEDORIA – Rudolf Steiner.

Se o homem quer tornar-se senhor de seu organismo deve escolher, conscientemente sua alimentação. Quando se compreende quais entidades se anunciam através deste ou daquele alimento, conhece-se também que significado tem a alimentação. Em toda a natureza se manifesta a trindade. Cada coisa se constitui de forma, vida e consciência. Tudo na natureza é permeado pelo espírito. O animal tem seu corpo físico, etérico e astral no mundo físico; o Eu grupal dos animais está no plano astral; quando o animal morre não é ainda anulado o efeito da sua natureza animal, pois o princípio atua ainda muito prolongadamente após a sua morte. Portanto, ao ingerirmos carne animal precisamos neutralizar estas forças astrais animalizadas para podermos assimilá-las dentro do nosso organismo (humanizá-las). As plantas têm seu corpo físico e etérico no mundo físico, o Eu das plantas está no Devachan cósmico, o princípio que atua nas plantas é ainda atuante após o preparo do vegetal e o efeito deste estende-se para o homem e todos os seus corpos supra-sensíveis (conferência sobre temperamentos e alimentação em fevereiro de 1923 – Rudolf Steiner).
O Espírito (essência) desprende-se das substâncias vivas no ato da refeição e se irradia pelo ambiente que o cerca. Naturalmente, irá depender da qualidade do alimento e da atitude dos participantes que irão compartilhar desse alimento.
A imagem arquetípica do elemento social na refeição se encontra presente na imagem da Última Ceia, onde Cristo com a presença de seus doze apóstolos reparte o pão e o vinho, esta imagem é ressuscitada na Idade Média com a távola redonda do rei Arthur e seus cavaleiros que se sentam e compartilham comida e sonhos. O significado básico da Última Ceia não se baseia em Cristo ter oferecido algo especial a cada discípulo, mas de ter dado o mesmo a todos eles. O fato de estarmos juntos quando comemos ou bebemos tem grande significado social, repartir aquilo que se come mais ainda, há uma troca de experiências nesse ato.
As refeições feitas em horários certos fazem parte dos rituais mais antigos da humanidade. Os efeitos socializantes de comermos em grupo ajudam a nos humanizar. Pequenos vínculos que unem as famílias são, certamente, forjados à mesa.
A estabilidade de nossos lares, provavelmente, depende mais de mantermos horários certos para fazermos refeições em conjunto do que a fidelidade sexual ou do respeito filial, porque existe a troca, há o contato, quando sentamos à mesa nos relacionamos com aquele que está compartilhando conosco daquela refeição, existe, forçosamente, um compromisso.
O fim das refeições regulares implica em dias desestruturados e apetites indisciplinados. Diferentes membros da família escolhem pratos diferentes para serem consumidos em horários também diferentes; então, onde acontece a troca? Como se estabelece o contato se não existe o encontro?
Acabou o comum, descaracterizou-se a unidade, se perdeu o ritmo e com isso se comprometeu a estabilidade.
Isso é fundamental e incrivelmente não se observa mais como há uma grande importância para algo tão prosaico e rotineiro como a refeição em família. Não há mais troca de idéias, falta tempo para que isso aconteça, na mesa, sentados, comendo aquilo que foi preparado, repartindo todos a mesma vivência, pode-se a partir daí, trocar novas experiências e também revelar aos outros membros da mesa acontecimentos e situações que os outros membros ainda desconheciam, as novidades são ali contadas, partilhadas com os demais, trocar, reunificar-se ao grupo em torno da mesa, ali, todos juntos comungando do mesmo alimento.
Hoje os horários das refeições foi adaptado aos novos horários de trabalho ou da televisão que insiste em participar, cada vez mais, dos locais onde anteriormente a família fazia sossegadamente suas refeições, há uma atitude completamente antifisiológica aqui que precisa ser observada com muito critério, principalmente se temos crianças que comem na frente da TV e nem sabem aquilo que estão comendo (ou engolindo), tal o hipnotismo que se estabelece.
O café da manhã em família é algo que as rotinas sobrecarregadas acabaram por excluir do cotidiano das pessoas. Durante o dia também não sobra tempo para isso, à noite, pode não haver refeição para ser dividida com os familiares, ou se houver, pode faltar com quem compartilhá-la, porque esse hábito vai se perpetuando e as pessoas acabam se acostumando a ter seus próprios ritmos e o ritmo familiar acaba não acontecendo.
Nas cozinhas modernas, cheias de aparelhos que auxiliam a vida da dona de casa, ou de quem prepara os alimentos, existe aquele que pode ser considerado como um grande fator de erosão social: o forno de micro-ondas. Com essa maravilha tecnológica, as pessoas podem facilmente aquecer qualquer prato pronto que estiver à mão, não é mais necessário fazer nenhuma consulta ao gosto das outras pessoas da casa. Nenhuma mãe, nem pai podem decidir em nome da família inteira, como até antes acontecia. Ninguém da família, agora, precisa “dobrar-se” às decisões de ninguém. Essa nova maneira de se alimentar inverte a revolução culinária que transformou a alimentação em um hábito sociável e ameaça nos fazer retroceder para uma fase de evolução pré-social. Nos países mais avançados tecnologicamente, onde é possível a aquisição de um potente forno de micro-ondas em todas as cozinhas super equipadas, a facilidade de seu manuseio e a sua praticidade solucionam o grande problema do homem moderno, sua falta de tempo e como são muito eficazes, aquecem e preparam os alimentos com grande rapidez, economizam o nosso tempo e as pessoas podem contar com mais tempo para não fazerem, muitas vezes, absolutamente nada com ele e o mais interessante é que para algumas delas não seria sequer imaginável a vida sem um aliado como esse em sua cozinha.
Só a possibilidade de não contar com sua ajuda faz com que muitas pessoas sofram por antecipação e a ironia é que a grande parte delas não contou com esse auxílio luxuoso quando crianças; trata-se de uma aquisição relativamente recente, mas incrivelmente devastadora, talvez na imensa maioria das casas que ainda não adquiriram esse “aliado” não saberia explicar o motivo para desprezá-lo dessa forma, mas esse é mais um item que faz parte da vida moderna que nos escraviza mais do que nos liberta e que nos direciona cada vez mais para um caminho antinatural.
A própria cozinha como um ambiente acolhedor onde a comida é preparada está perdendo seu espaço, pois em muitas casas e apartamentos modernos, os projetos arquitetônicos diminuíram muito a proporcionalidade de sua área, que fica cada vez mais reduzida, já que deixou de ser um local de encontro familiar, cedendo seu lugar para os locais mais concorridos e requisitados como as salas de TV (home-theaters) e de computador.
O lar é um lugar que tem cheiro de comida sendo preparada e esse cheiro acorda lembranças adormecidas (memória olfativa) e nos remete a situações de bem estar; se quisermos que nossos relacionamentos dêem certos teremos de voltar a comer junto.
As pessoas distanciadas da disciplina da mesa comum passam fome ou comem demais até alcançarem níveis extremos de magreza ou de obesidade. Assim, parece que as refeições em família, feitas até então em horários regulares, fazem parte de uma tradição que acabou para sempre e como se perdeu o hábito, toda vez que ela é imposta (aniversários, festas de fim de ano, casamentos), acabam causando estranheza e pela falta de costume acabam também, muitas vezes, resultando em monumentais fracassos em manter a família unida em torno de algo comum a todos, o homem moderno perdeu essa tradição e precisa resgatá-la se quiser novamente se re-unir aos seus.

A alma é uma espécie de estômago e a comunhão espiritual é um comer junto”.
Thomas Carlyle (escritor escocês – 1795/1881)

Parece que somos incapazes de ser sociáveis sem a presença de alimentos. Para as pessoas que apreciam a presença uma das outras cada refeição é uma festa amorosa.
O lar é um lugar que tem cheiro de comida sendo preparada e esse cheiro “acorda” lembranças adormecidas e nos remetem a situações de bem estar. Em muitas ocasiões em nossa vida seremos acordados por essa lembrança olfativa que irá nos remeter ao passado e dentro dessa recordação estará, invariavelmente, algo relacionado à comida Se quisermos que nossos relacionamentos dêem certo, teremos de voltar a comer juntos, nos preocupando em pararmos o que estamos fazendo e sentar para comer, colocando um ritmo na nossa vida, tentar ouvir aquele que está conosco repartindo esse alimento e nessa reverência, encarar esse ato como um ritual sagrado, algo que nos põe em contato com o mundo espiritual, algo solene, portanto e, conseqüentemente, com um grau de importância que freqüentemente não estamos dispostos a perceber.
Esse também é um caminho para que se derrote a obesidade, pois a ansiedade fica reduzida e se pararmos de comer constantemente ao longo do dia (compulsivamente), vamos parar de comer demais e na justa medida nos disciplinando para comermos o suficiente poderemos evitar os transtornos alimentares tão comuns no nosso dia-a-dia.




A ALIMENTAÇÃO SOB UMA VISÃO ANTROPOSÓFICA:

Da necessidade de se ter uma visão clara da natureza e do ser humano incluso nela, de suas relações com o Cosmos e com a própria natureza, assim como é proposto pela Antroposofia de Rudolf Steiner, que propõe através de um método rigoroso para a pesquisa espiritual da natureza do ser humano, essa ciência espiritual amplia e acrescenta novos conhecimentos, resultantes da investigação supra-sensível, às pesquisas do mundo sensorial. Não entra em contradição com a concepção científica, mas amplia e a torna mais compreensível a partir do enfoque anímico-espiritual que corresponde à natureza do homem. (Novos Caminhos da Alimentação - volume I – Gudrun Buckhard)
Do ponto de vista científico-espiritual, a questão alimentar sob o prisma da Antroposofia, não se torna apenas uma nova reforma alimentar ou um acréscimo de alguns pontos de vista novos aos que já existem, mas leva em conta a concepção global do homem, sua evolução no decorrer dos tempos e da Terra com os reinos da natureza.
Cada indivíduo poderá escolher para si a dieta mais adequada, com o conhecimento das forças contidas em cada alimento o homem deve ter isso como meta, quando pensar em alimentar-se.
Na verdade, segundo Steiner, quando nos alimentamos adoecemos e através da digestão é que obtemos o processo de cura, em outras palavras precisamos humanizar todas as substâncias exógenas que penetram em nosso sistema digestivo e isso se faz a partir do momento que as diversas enzimas e substâncias digestivas atuam no sentido de interferir sobre essa astralidade que penetrou em nosso organismo.

“Não comemos para ter em nós este ou aquele alimento, mas sim para podermos desenvolver em nós as forças que triunfem sobre o alimento. Comemos para resistir às forças da Terra e vivemos sobre ela graças a esse contínuo ato de oposição”.
 Rudolf Steiner.

AS VÁRIAS ÉPOCAS E SEUS ALIMENTOS:

Fases de Evolução da Terra:
SATURNO – Desenvolveu-se os primórdios do corpo físico e do mundo mineral. Atmosfera de calor
SOL – Desenvolveu-se os primórdios do corpo etérico e do mundo vegetal. Estado mais denso: Ar; mais sutil: Luz.
LUA – Desenvolveu-se os primórdios do corpo astral e do mundo animal. Estado mais denso: Água; mais sutil: Éter Químico.
TERRA – Onde se desenvolve o nosso EU que se incorpora em seus invólucros anteriores. Estado mais denso: terra (solo mineral); mais sutil: Éter Vital. Somente aqui ocorre a nítida separação entre o ser humano e os outros três reinos da Natureza.
Em cada fase de evolução da Terra dá-se uma repetição inicial das suas fases anteriores, para depois começar a evolução propriamente dita, entre cada fase há uma de natureza puramente espiritual que é conhecida como pralaia.
PRIMEIRA ÉPOCA – POLAR (repetição de SATURNO)
SEGUNDA ÉPOCA – HIBERBÓREA (repetição do velho SOL)
TERCEIRA ÉPOCA – LEMÚRICA (repetição da antiga LUA) – separação da LUA e da TERRA
QUARTA ÉPOCA – ATLÂNTICA (começo da evolução propriamente dita da TERRA)
QUINTA ÉPOCA – PÓS-ATLÂNTICA (época atual)

CULTURA HINDU ANTIGA – 7227 – 5067 a.C. - ERA DE CÂNCER.
Aperfeiçoamento do Corpo Etérico
O caminho de iniciação é dado pelo Caminho Budista dos oito passos (reto caminho do meio)
Alimentação: Leite animal e dádivas colhidas da Natureza.

CULTURA PERSA – 5067 – 2907 a.C. – ERA DE GÊMEOS.
Aperfeiçoamento do Corpo Astral
Começam a arar a terra, plantam cereais (trigo) e árvores frutíferas nas épocas certas.
Grande guia espiritual: Zaratustra
Existe a preocupação de levar o Sol (espiritual) para dentro da Terra
Alimentação: Leite, vegetais e mel.

CULTURA EGÍPCIA-CALDAICA – 2907 – 747 a.C. – ERA DE TOURO.
Primeira fase de desenvolvimento da Alma da Sensação
Olhavam o Cosmos e observavam o movimento das estrelas, frutificando a terra para o cultivo.
Sabiam que as leis da Natureza eram regidas por entidades superiores
Procuravam o macrocosmo através do microcosmo
Alimentação: Leite, frutas, cereais, mel começo do uso da carne e do sal.

CULTURA GRECO-LATINA – 747 – 1413 d.C. – ERA DE ÁRIES.
Primeira fase de desenvolvimento da Alma Racional e da Índole
O Eu interioriza-se mais profundamente na alma e no corpo
Gregos – razão e índole estão juntos / Romanos – coração e razão começam a dissociar-se: leis romanas = razão; cristianismo = coração.
O caminho de iniciação vai para dentro e para fora conforme o local dos mistérios, começa a iniciação cristã.
Alimentação: Leite, frutas, vegetais, cereais, raízes, vinho e o consumo de carne e sal é maior.

CULTURA GERMÂNICO-ANGLO- SAXÔNICA – 1413 - 3573 – ERA DE PEIXES
Primeira fase de desenvolvimento da Alma da Consciência
Cristo torna-se uma realidade interior, não há mais necessidade de guias para o desenvolvimento espiritual esotérico, o ser humano procura o desenvolvimento espiritual a partir de si-mesmo; em cada alma existe o elemento propulsor do desenvolvimento. O homem é capaz de modificar o mundo exterior através da técnica cada vez mais desenvolvida
Alimentação: resultante da industrialização cada vez mais intensa e sofisticada, os alimentos perdem cada vez mais a sua qualidade vital. Há um aumento progressivo no consumo de carnes, de álcool e de açucares. A desnaturação e os tóxicos adicionados aos alimentos levam o homem cada vez mais a doenças graves.

A ALIMENTAÇÃO COMO ATO EDUCATIVO NO JARDIM DE INFÂNCIA:

Seria extremamente interessante se todos os Jardins de Infância pudessem oferecer comida, que se dispussem a prepará-la e servi-la às suas crianças, seria uma forma delas experimentarem uma maravilhosa troca social que se estabelece nesses encontros com outras crianças, onde todas podem compartilhar o mesmo alimento que em geral já é orientado ou pelo médico escolar ou pela própria professora, utilizando os vários tipos de cereais que guardam suas relações com os diversos processos planetários e seus respectivos metais. Mais do que isso as crianças, todas em volta da mesa, vivenciam algo muito significativo que é a reverência que aprendem pacientemente a que todos sejam servidos, antes disso já lavaram as mãos e após todo esse preparo inicial, fazem uma pequena prece de agradecimento pelo alimento que agora juntos todos irão comer.Experimentam de tudo e como todas comem o mesmo alimento, pela própria imitação, aprendem a gostar de tudo.
Logicamente levam para casa essa “novidade” e os pais, que desconhecem ou nunca tiveram a oportunidade de experimentar algo assim, deveriam ser incentivados e estimulados pelos professores para que durante as próximas refeições, compartilhassem do entusiasmo de seu filho durante a mesa, arrumassem um tempo maior para suas refeições em família e se no dia-a-dia isso for muito difícil, esforçarem-se para compartilhar com a família nos finais de semana esse re-encontro social extremamente estruturante.
Ao professor do Jardim da Infância cabe a tarefa (muitas vezes) espinhosa de ser ele o mediador, ou melhor, de ser o elemento transformador (trans-formar = mudar de forma, alterar, modificar) nessas famílias, inicialmente tendo a coragem (cor = coração, agem = ação, ou seja, agir com o coração) de interferir e de realmente transformar alguns valores, ou mesmo incentivar para que essas alterações que a criança experimenta acabem se aplicando a todas as refeições que esse núcleo familiar faça dali para frente, é um  grande desafio, mas compensador, pois a família como um todo se beneficia.

PRECES DE AGRADECIMENTO ANTES DAS REFEIÇÕES:

TERRA QUE ESTES FRUTOS DEU,
SOL, QUE OS AMADURECEU.
NOBRE TERRA, NOBRE SOL,
JAMAIS OS ESQUECEREMOS.  – Christian Morgenstern

O PÃO VEM DO TRIGO,
O TRIGO DA LUZ,
A LUZ PROVÉM DA FACE DE DEUS
O FRUTO DA TERRA
QUE É FULGOR DE DEUS
SEJA LUZ TAMBÉM
NO MEU CORAÇÃO. – Martin Tittmann


GERMINAM AS PLANTAS NA NOITE DA TERRA,
CRESCEM OS BROTOS PELA FORÇA DO AR,
AMADURECEM OS FRUTOS PELO PODER DO SOL.
ASSIM GERMINA A ALMA NO RELICÁRIO DO CORAÇÃO,
ASSIM CRESCE O PODER DO ESPÍRITO NA LUZ DO MUNDO,
ASSIM AMADURECE A FORÇA DO HOMEM NO FULGOR DE DEUS. – Rudolf Steiner

TU QUE REINAS
ACIMA DAS ESTRELAS
FAZE-NOS DIGNOS DE RECEBER COM DEVOÇÃO
TUDO AQUILO QUE A TERRA NOS DÁ
BOM APETITE PARA TODOS NÓS COMER.

TEMPERAMENTOS E ALIMENTAÇÃO:

Cada criança tem o seu modo de observar e interagir com o mundo, a partir do final do primeiro setênio e durante o segundo setênio esse modo, essa relação com o mundo vai se particularizando de criança para criança e poderíamos classificá-las em quatro tipos distintos; existem aquelas no qual tudo lhes desperta um enorme interesse e uma grande curiosidade, praticamente tudo lhes chamam a atenção, no entanto sua persistência é igualmente fugaz, se distraem com facilidade e quando estão entretidas com alguma coisa, outra, com o mesmo interesse anterior, já lhes tiram a atenção do que encontravam-se fazendo; quando sentam na mesa para comer, tudo lhes interessa e suas mãos e seus pés ficam como que “dançando” de um lado para o outro, mechem em tudo e não param quietas, é preciso ter paciência e apelar para um “laço mágico” ou uma “cola muito forte” que passamos em volta do seu corpo e que após se alimentarem terão força para sair da mesa e voar como um passarinho, normalmente são crianças alegres e divertidas e adoram histórias, principalmente as de curta duração, já que o seu interesse também pode ser bastante reduzido. Para essas crianças sangüíneas, onde o elemento aéreo, o corpo astral é tão evidenciado, são recomendados todos os tipos de raízes e alimentos mais duros (pães integrais, arroz integral, grãos duros), que as auxiliem para que venham mais para a terra, razão porque os doces são contra-indicados.
Outras crianças parecem sentir um grande peso que permeia toda a sua corporalidade física, o mundo lhes mostra muitas dificuldades e um certo grau de sofrimento latente, ficam freqüentemente ensimesmadas, e presas em divagações e pensamentos, mergulhados neles, trata-se de um grande desafio pedagógico fazer com que estas crianças consigam perceber o outro e ver que também há outros em torno dela, inclusive sofrimentos maiores do que os seus, causar uma compaixão ativa pelo outro é uma grande tarefa. Na parte alimentar os alimentos que crescem bem próximo ao Sol (frutas), longe das forças terrenas são os mais indicados, logicamente, em oposição, as raízes deveriam ser evitadas.
Para aquelas que voluntariosamente insistem em liderar as brincadeiras, gostam de comandar e que no entanto não resistem a um bom desafio proposto pela professora, que percebendo esse temperamento colérico sabe que esse é um artifício muito útil para se conseguir o interesse e a ajuda dessas crianças, os alimentos estimulantes e muito excitáveis devem ser evitados (café, chá preto, refrigerantes, achocolatados).
Por último existem aquelas crianças que, geralmente, gostam de comer e ficam com paciência e prazer entretidas com a sua comida e também divertem-se na preparação dos alimentos, são muito observadoras, mas parecem não se importar muito com que está a sua volta, como que indiferentes, embora algumas possam contar com detalhes tudo o que se passou ao seu redor, possuem uma certa tendência para ficarem paradas e preferencialmente se alimentarem o que fazem com nítido prazer, essas crianças de temperamento fleumático tem no corpo etérico o seu elemento mais  evidente e devem evitar se alimentarem com produtos que demoram muito tempo no solo antes de brotarem ou aqueles alimentos que nasçam sobre a superfície da terra (abóboras, melancias, melões, abobrinhas), pois esse tipo de alimento só aumenta o bem estar interno, impedindo o interesse interior para o mundo externo.

A CONSTITUIÇÃO INFANTIL E A ALIMENTAÇÃO:

Foi Rudolf Steiner que chamou a atenção para dois tipos constitucionais levando em consideração não só a preponderância da cabeça em relação ao restante do organismo, assim como algumas particularidades completamente opostas, têm as crianças de cabeça grande e aquelas de cabeça pequena, como essas características se evidenciam durante todo o segundo setênio (até 16 – 18 anos), trata-se, portanto de informações muito úteis que deveriam ser bastante conhecidas e estudadas por todos aqueles que trabalham com crianças.
A criança de cabeça grande tem realmente uma preponderância de sua cabeça em relação ao restante do seu corpo com membros geralmente pequenos, é como se repousassem em si mesmas, são fantasiosas, dificilmente se distraem e concentram-se bem, formam imagens com relativa facilidade, mas tem a tendência de serem muito sonhadoras e perderem-se em ilusões e devaneios, misturam os fatos e tem dificuldade em desenvolver um pensamento mais claro e analítico. Repetem com detalhes os contos que a professora lhes contou, seus desenhos são bonitos e os seus trabalhos são originais, no entanto em matérias como matemática e gramática seu rendimento é bastante sofrível. Às vezes, é só dizermos um mínimo e essa criança já fica com a cabeça vermelha e terrivelmente irritada. Para essas crianças recomenda-se a alimentação com raízes e uma dieta mais rica em sal (esses elementos auxiliam a criança a “ancorar” mais na Terra e saia um pouco de sua natureza exacerbadamente cósmica), assim como lavar sua cabeça com água fria pela manhã também pode ser bastante eficaz para que adquira forças para atuar no mundo.O corpo astral e o Eu não querem penetrar adequadamente no sistema neurossensorial e essas crianças apresentam uma dificuldade de representação mental diferenciadora. Em relação ao temperamento tendem mais para o fleumático e o sangüíneo.
Em contrapartida a criança de cabeça pequena apresenta uma cabeça notavelmente reduzida em relação ao seu corpo pálido e afinado, com uma preponderância dos membros, sua aparência é de um velho, com uma pele mais ressecada e desvitalizada, tem dificuldade em se concentrar e é facilmente distraída por qualquer impressão sensorial, “incubam” pensamentos e tendem cismas e teimosias, apresentam-se extremamente irritadiças por impressões externas, são de natureza irrequieta e com muita pobreza imaginativa, seus desenhos são pouco criativos e com muito pouca expressão artística, desenham geralmente automóveis e bonecos. Ficam como que “mergulhados” na terra, necessitando abstrair-se e elevar-se um pouco mais. Nas matérias artísticas e em redações são muito limitadas, no entanto apresentam um bom desempenho em aritmética, cálculos e leitura. Ocorre, como disse Steiner, uma insuficiente nutrição cósmica, o corpo fica como que intoxicado por processos alimentares imperfeitamente assimilados, enrijecendo e solidificando esse organismo que esclerosa precocemente. Alimentos doces (frutas, mel, figos, tâmaras), assim como compressas quentes no abdome duas a três vezes por semana à noite, são indicadas com o objetivo de provocar uma melhor encarnação do corpo astral e do Eu no sistema metabólico. Tendem mais para o temperamento melancólico e colérico.


Receita para PÃO CASEIRO:
Rendimento – 4 pães de aproximadamente 330 gramas cada
Ingredientes:
Água morna – 4 xícaras de chá
Fermento para pão – 2 tabletes
Sal marinho – 2 colheres de sopa
Açúcar mascavo peneirado – 4 xícaras de chá
Óleo de milho ou de canola – 6 colheres de sopa
Farinha de trigo integral – 10 xícaras de chá
Modo de preparo:
Dissolva o fermento na água morna. Acrescente os outros ingredientes, obtendo uma massa ligada. Deixe descansar por mais ou menos duas horas. Polvilhe com farinha uma superfície lisa e despeje nela a mistura obtida. Amasse com as mãos por mais ou menos cinco minutos, salpicando farinha para que a massa não grude.
Modele o formato que quiser e coloque em uma assadeira previamente untada. Deixe descansar mais um pouco dentro do forno desligado.
Tendo crescido a massa, ligue o forno e deixe-a assar por aproximadamente 40 minutos. Bom apetite!

SOPA DE LEGUMES PARA CRIANÇAS PEQUENAS:

1 a 2 raízes (beterraba, cenoura, mandioca, cará, mandioquinha, inhame – evitar batata que é um tubérculo hipertrofiado não uma raiz)
1 a 2 folhas (alface, espinafre, agrião, couve, serralha, acelga, escarola)
1 a 2 frutos (abobrinha, abóbora, chuchu)
Manteiga ou óleo de girassol, canola ou azeite.
sal
Evitar acrescentar carne ou leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja).
Preferência por cereais: aveia, arroz integral (que deve ser cozido logo de início por ser mais duro), trigo, cevadinha, painço.
Ao se misturar raízes, folhas e frutos podemos contar com o processo harmônico em semelhança com a natureza integral do ser humano (sistema neurossensorial = raízes; sistema rítmico = folhas e sistema metabólico = frutos e legumes), uma dieta assim balanceada não sobrecarrega nem para um lado (obstipação intestinal com excesso de raízes ou laxante com excesso de folhas), a complementação do cereal dá uma substancialidade protéica, o elemento salino permite o estímulo necessário para as funções nervosas, quanto à adição de gordura deve-se dar preferência inicialmente à manteiga ou aqueles compostos á base de triglicérides de cadeia curta (canola, arroz, girassol, exceto soja), pois são mais facilmente digeríveis. As leguminosas apresentam processo fermentativo e devem ser introduzidas somente quando as crianças já andem com mais desenvoltura. As solanáceas devem ser evitadas, pois liberam uma substância de natureza neurotóxica que é a solanina  (batatas, berinjelas e tomates).

O ALIMENTO QUE EXISTE NO PÃO
NÃO É O PÃO.
É A PALAVRA ETERNA DE DEUS,
É VIDA, É ESPÍRITO! – Ângelus Silesius

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

NOVOS CAMINHOS DE ALIMENTAÇÃO – 4 VOLUMES
Gudrun Krökel Burkhard
CRL Balieiro – São Paulo – 1991

AROMA, PALADAR E SAÚDE.
Maria Lúcia Bruno
Ed. Antroposófica

O QUE COMEMOS, AFINAL?
Otto Wolff
Ed. Antroposófica – 2000

A IMAGEM DO HOMEM COMO BASE DA ARTE MÉDICA – 3 VOLUMES
Friedrich Husemann e Otto Wolff
As. Beneficente Tobias – São Paulo – 1978

A CABALA DA COMIDA
Nilton Bonder
Imago – 1999.

A CIÊNCIA OCULTA
Rudolf Steiner
Ed. Antroposófica

TEMPERAMENTOS E ALIMENTAÇÃO – Textos escolhidos
Rudolf Steiner
Ed. Antroposófica - 1993

O MISTÉRIO DOS TEMPERAMENTOS – As bases anímicas do comportamento humano - Textos escolhidos
Rudolf Steiner
Ed. Antroposófica

O CONHECIMENTO DOS MUNDOS SUPERIORES
Rudolf Steiner
Ed. Antroposófica

“AQUELES QUE BUSCAM O ETERNO, A ELES NADA HÁ DE FALTAR”.
(Salmos 34, 11).





Dr. José Carlos Neves Machado
Médico Escolar e Pediatra antroposófico da Casa Rafael

Peguntas e Respostas 01


QUAL O PROBLEMA PARA A CRIANÇA ASSISTIR TELEVISÃO?
O problema, necessariamente pode não estar na TV em si, mas no quanto a família depende desse objeto, que em muitas casas adquire uma grande prioridade. É importante refletir no que a televisão veicula e de quem está assistindo passivamente do outro lado da tela, pois de um modo geral (e essa é a idéia da televisão em si, pois é importante que existam expectadores, de preferência que consumam e permaneçam fiéis a sua programação), alguns valores como ética, coerência, critério, não são geralmente muito enfatizados e o público consumidor, principalmente o infantil literalmente “engole” desde a propaganda do refrigerante, que todo mundo deve tomar e ele pede para a mãe também comprar, assim como a moda, o jeito de falar e também o que falar, já que as notícias são bastante divulgadas,  até da programação em si, com toda gama de emoções, violência, sexualidade e vulgarização que é absolutamente quase que a totalidade do que é exibido, até nos chamados canais culturais, enfim, o nível além de ser muito baixo, acaba interferindo, não somente no aprendizado da criança, mas também em suas emoções, que reagem quando ao assistirem ao noticiário, ficam sabendo que houve assassinatos e um grande número de feridos na última rebelião no presídio X, que está havendo uma outra guerra de duas facções contrárias em um lugar qualquer, que o narcotraficante fulano de tal está seqüestrado, etc., etc. Como lidar com essas informações que chegam tão facilmente até à criança, ou talvez se perguntar, como ela terá capacidade e até equilíbrio emocional para metabolizar esse tipo de informação, é válido e até justo, eu pergunto, deixa-la exposta a esse tipo de situação, qual a conseqüência disso? Poderemos ter crianças mais resistentes também, porque a banalização da violência e o costume de ver a dor poderão torná-las mais resistentes, mas de um outro modo, uma resistência associada com uma frieza na alma dessas, até como sendo um recurso de proteção ou uma situação exatamente oposta, que é a de formarmos crianças com um grande medo e angústia e muita desconfiança de tudo e de todos, porque o mundo é realmente muito perigoso e mostra-lo nu e cru, principalmente para as crianças mais novas é ir a direção diametralmente oposta àquela em que ela espera encontrar. Todo o nosso empenho, como pais e educadores seria, no mínimo tornar, ao menos coerente essa expectativa de mundo, então, quando displicentemente assistimos, passivamente a nossa “belíssima” programação noturna, não podemos nos esquecer que aquele beijo do mocinho, a sedução do vilão e as maldades dos personagens, inclusive dos desenhos animados e dos filmes, se confundem e ficam como pano de fundo de todas as imagens, muitas vezes até realmente belas, que a criança teve oportunidade de ver naquele dia, mas que, normalmente se sobrepõe a elas e chega até apagá-las e isso irá poderá se refletir em uma agitação noturna, em sonhos e talvez pesadelos e em todo ritmo que irá certamente reverberar no dia seguinte, devidamente re-alimentado com a mesma exposição televisiva e tudo que advém disso, as emoções que ela compartilha junto com os personagens e que ficam em suspense dentro delas, as frases que elas ouvem, o gestual dos personagens, as gírias e vocabulários próprios, enfim tudo isso vem junto nesse incomodo pacote que muitas vezes cabe a nós o simples gesto de impedir, desligando o botão da televisão e por exemplo voltar os olhos da tela para quem está ao lado e conversar.



Dr. José Carlos Neves Machado
Médico Escolar e Pediatra antroposófico da Casa Rafael
Texto publicado na Revista Micael da Escola Waldorf Micael de São Paulo

Artigo 03


A Qualidade do Sono


Cansaço, indisposição, dificuldade de concentração, um começo difícil de um novo dia poderá estar associado com uma noite anterior mal dormida ? Certamente que sim e todos nós intuímos que essa relação é óbvia, mas mesmo assim continuamos dormindo tarde e mal e gastando as poucas energias que nos restam para o dia seguinte onde novamente teremos mais desgastes e esse ciclo irá gerar conseqüências com comprometimento físico, psíquico e emocional. O que se percebe com maior freqüência é que muitas crianças apresentam esse mesmo comportamento: dormem tarde, tem um sono bastante agitado e acordam com muita dificuldade, tendo um rendimento escolar muito ruim.

Ao estudarmos a fisiologia do sono, sabemos que existe um período de sono inicial conhecido como estado hipnagógico que consiste de um período de vários minutos durante os quais os pensamentos consistem em imagens fragmentadas ou de pequenas cenas, seguido de um sono de ondas lentas (ondas cerebrais de baixa freqüência e de grande amplitude, que podem ser registradas em eletroencefalograma), somente mais tarde, em seqüência, no chamado sonho REM é que aparecem os sonhos propriamente ditos, nesta fase os olhos, com as pálpebras fechadas, movem-se rapidamente, em sincronia, a respiração torna-se irregular e a freqüência cardíaca aumenta. O primeiro estágio REM ocorre aproximadamente noventa minutos após o sono inicial de ondas lentas e dura em torno de dez minutos. Um segundo e terceiro estágios de sono REM ocorrem após breves períodos de sono com as ondas cerebrais lentas, mas tornam-se progressivamente mais longos. O quarto e último estágio dura cerca de vinte a trinta  minutos e é seguido pelo despertar, muitas vezes no meio de um sonho e é dessa fase que provavelmente tenhamos lembrança quando acordamos. Em 1900, Sigmund Freud publicou A Interpretação dos Sonhos e afirmava que os sonhos poderiam revelar, de uma forma disfarçada, os elementos mais profundos da natureza interior do indivíduo, aquilo que estaria em seu cerne mas que poderia ser “revelado” através de seus sonhos, a fisiologia do sono foi compreendida pela primeira vez em 1953, quando os cientistas começaram a se preocupar com a análise do ciclo do sono humano.Mais recentemente, porém, os sonhos foram caracterizados como um meio pelo qual o cérebro descarta as informações desnecessárias, uma espécie de “aprendizado invertido”, ou desaprendizado das falsas informações (segundo Crick-Mitchison).

O sono REM talvez tenha essa função  peculiar  que é a de “apagar” do cérebro esse excesso de informações espúrias que ele contém e contribuindo no processo ordenado da memória, em outras palavras precisamos do sono REM para poder sonhar e sonhamos para esquecer, ou seja, sonhamos para reduzir a fantasia e a obsessão.

Nos recém-nascidos o sono REM é de oito horas por dia com ciclos de cinqüenta a sessenta minutos que neste caso inicia-se diretamente pelo sono REM e não pelo sono de ondas lentas. Crianças com mais ou menos dois anos de idade apresentam sono REM de aproximadamente três horas e vai diminuindo progressivamente até mais ou menos duas horas por dia. Nessa fase o hipocampo continua a se desenvolver, torna-se funcional e o sono REM assume a sua função de memória interpretativa.

O sono do homem, aquele momento onde ele se entrega completamente afim de poder recuperar as suas energias, desde épocas primitivas até os dias de hoje sempre causaram no homem uma grande dúvida, afinal o sono é só um período de descanso, necessário, mas independente de sua qualidade ou trata-se de algo mais complexo ?
Isso tudo é conhecido da neurofisiologia atual, os neurofisiologistas tentam explicar essas relações, pode-se observar e constatar a qualidade do sono e parece mesmo que é de fundamental importância a relação da qualidade do sono com o desempenho do indivíduo no seu dia seguinte, mas o que podemos fazer com essas informações ? Podemos modificar, saudavelmente, a qualidade do nosso sono e das nossas crianças ?

O primeiro passo é respeitar o ritmo de sono e quando temos crianças em casa os ritmos precisam ser considerados e individualizados dos adultos; é comum que os pais saiam cedo de casa para o trabalho e cheguem tarde, somente à noite, tomam conhecimento daquilo que aconteceu com seus filhos entre um bocejo e outro e já cansados tentam, a duras penas, inteirar-se um pouco de tudo que aconteceu no dia de seu filho, então, na frente da televisão ouvem as novidades que aconteceram na escola, conversam e se divertem e as crianças, que precisam também se alimentar desse contato com os pais, vão dormir tão tarde como eles, mas assim como os pais, precisam também acordar cedo no dia seguinte e essa roda-viva se estabelece como rotina nessa família, gerando como conseqüência um prejuízo na qualidade de sono, faltou tempo para o corpo descansar e se re-programar para o dia seguinte. Quando as crianças vão dormir após assistirem a toda a programação da televisão, quando são literalmente “bombardeadas” com toda uma série de conteúdos absolutamente dispensáveis em sua vida e principalmente naquele período do dia, com informações desnecessárias para o seu cérebro e prejudiciais para o seu sono, que deveria ser encarado como o período do dia onde recarregaríamos as energias perdidas que teremos de dispor para enfrentarmos um novo dia seguinte, então obviamente precisamos ter maior consideração com este momento.

 O nosso cérebro registra tudo o que vê, armazenando essas informações e se à noite, durante o sono profundo, seleciona aquilo que deve ficar do que deve ser desqualificado, é de grande importância, portanto, que haja uma preocupação com aquilo que chega às mãos e aos olhos das crianças, então essas imagens devem ser selecionadas com cuidado, os monstros, os personagens de filmes e de novelas da TV, os super-heróis  fantásticos, as cenas de terror e de sangue que assistem na TV,  enfim  esse tipo de representação não contribui em nada para um sono  saudável.

Imaginemos como exemplo uma criança com seus 5 – 6 anos que vai à escola pela manhã, que assiste a TV à tarde toda e vai dormir às 10 – 11 horas da noite, essa criança deve ter um sono agitado, deve demorar para dormir, pois as imagens que viu vão passando em sua cabeça e determinadas impressões demoram mais para se desconectar, até toda excitação baixar, até os sons da casa diminuírem, pois ela está ainda muito conectada com o mundo externo e não se entrega facilmente ao sono, até tudo isso acontecer levará um tempo, que interferirá na qualidade de seu sono, na manhã seguinte irá ter um despertar tumultuado, pois ainda precisaria de mais tempo para descansar, terá um rendimento insatisfatório na escola e isso tende a se estabelecer como rotina, que certamente resultará em doença física.

A qualidade de sono está vinculada ao horário, pois há todo um metabolismo fisiológico endócrino/enzimático envolvido que acaba se desgastando quando exigimos uma função fora do comum, gerando eventuais desgastes, ou seja, a criança dorme mas não descansa, recupera mal aquilo que perdeu durante o dia, na manhã do dia seguinte, acorda com dificuldade, virá dormindo no carro, ficará sonolenta durante as atividades na escola e no momento onde deveria estar atuante e desperta, encontra-se completamente mal encarnada. O tratamento disso é aparentemente simples: dormir cedo ! Mas se o sono não vem ? Afinal hábitos se transformam em vícios e dependem de nossa vontade para serem modificados e no caso das crianças, os pais atuam contribuindo em diminuir os fatores de excitação externa (luzes, barulhos de TV e rádio), ficando atentos ao ritmo que a criança precisa ter, não dá para a criança esperar os pais para jantar às 9 - 10 horas da noite e depois ir deitar ou terminar a lição de casa antes de ir para a cama.
Contar uma fábula ou uma estória para a criança já deitada em sua cama poderá contribuir para uma boa noite de sono, o conteúdo dessas imagens que são descritas para a criança, irá permear a sua imaginação, no entanto, é importante saber dosar essas imagens e o modo de apresentá-las, existem contos apropriados para cada idade e aqueles muito longos podem ser apresentados aos poucos, noite após noite até a sua conclusão, criando na criança a expectativa de como irá terminar aquela aventura, essa experiência a criança levará para a vida e no futuro irá se recordar desses momentos como um acolhimento que poderá ser de grande valia em muitas situações de dificuldade que venha a passar.

Para aquelas muito despertas à noite e  que “brigam com o sono” uma aplicação de óleo de Lavanda Officinalis no peito, em movimentos suaves, ajudará a se entregarem ao sono com menor resistência (escarnação) e para as muito sonolentas pela manhã aplicações vigorosas com óleo de Rosmarinus (alecrim)nos seus braços e pernas, ajudará a vencerem os desafios do dia trazendo-as para a terra (encarnação).


Dr. José Carlos Neves Machado
Médico Escolar e Pediatra antroposófico da Casa Rafael

SCINTIFIC AMERICAN / Os segredos da Mente número 4/ abril- 2004 – Os significados dos sonhos – Jonathan Winson
A CRIANÇA SADIA I – nascimento e infância – Wilhelm Zur Linden – quarta edição -  Ed. Antroposófica/1986
A IMAGEM DO HOMEM COMO BASE DA ARTE MÉDICA – VOL I – Friedrich Husemann e Otto Wolff – 1992 – Ed. Antroposófica
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