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sexta-feira, 19 de abril de 2013

A PARTIDA (resenha de filme)




A PARTIDA (OKURIBITO/DEPARTURES) 
Direção – Yojiro Takita
Japão/2008 – 131 minutos
Masahiro Motoki, Tsutomu Yamozaki, Rioko Hirosue, Kimiko Yo.

Um jovem violoncelista (Daigo Kobayashi) perde seu emprego em Tóquio depois que a orquestra em que tocava é desfeita, sem emprego resolve retornar com a esposa à cidade natal (Yamagata), lá procura trabalho e atende um anúncio que procurava um nokanshi (responsável por colocar corpos em caixões), sem saber do que se tratava, causando inicialmente um grande estranhamento, mas, aos poucos, vai se tornando natural devido à forma com que seu patrão acondiciona os corpos sem vida, transformando esse ritual (okuribito) em algo solene e com muito respeito, preparando e acondicionando o corpo sem vida de uma maneira absolutamente digna e com muita reverência.
Sua mulher (Mika) e seus conhecidos, no entanto desprezam o trabalho de Daigo que segue adiante mesmo quando sua mulher o abandona questionando se aquele era o trabalho que escolhera para a sua vida, se aquilo seria normal. Ele mesmo se pergunta e reflete sobre isso, afinal o que é normal? Não é natural morrer?
Ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro, esse drama traz de uma maneira comovente e sensível a delicadeza desse ritual de acondicionamento dos corpos em que os falecidos são limpos, maquiados, preparados e vestidos antes de serem colocados em seus caixões em uma cerimônia que é acompanhada por seus familiares e entes queridos. Aquilo que é classificado como “o primeiro banho de um novo nascimento”, feito com muita tranquilidade, afeto e precisão nesse ritual de passagem da vida à morte, essa partida.
No entanto, Daigo carrega dentro de si uma grande mágoa por ter sido abandonado por seu pai aos seis anos de idade e do qual nunca mais teve notícias, mas esse encontro marcado ainda faz parte em trajetória história nesse seu novo trabalho.
Nas palavras do próprio personagem lembrando-se de sua infância: “o inverno não era tão frio quando eu era criança”, fica a ideia de que o amadurecimento passa por diversas fases, de natureza física e também emocional, que os critérios de normalidade precisam ser reavaliados e incorporados dentro de nós. Afinal a morte como uma passagem, como uma etapa a ser cumprida poderia ser entendida não como algo macabro e final, mas como algo que resgata a própria vida, já que essa seria a nossa maior benção, viver em plenitude e aproveitá-la da melhor forma possível, a partida teria um significado mais completo se representasse uma passagem de algo que valeu a pena, deixando nas lembranças daqueles que ficam os bons momentos vividos juntos, as lembranças felizes, o perdão, simplesmente o término de uma fase.


2 comentários:

  1. Assisti pela primeira vez hoje e o filme é simplesmente maravilhoso!

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  2. Um filme tocante! Eu o assisti há muitos anos.
    E ainda hoje, guardo na lembrança uma cena surpreendente, do reencontro do protagonista com o seu pai. Reservarei a quem ainda não o assistiu a surpresa que ela poderá causar. Trata-se de um filme repleto de extraordinárias passagens – no sentindo mais amplo do termo. O equívoco do anúncio de trabalho, “A partida”, provocado no personagem e no espectador, é apenas uma delas. A síntese descreve bem o filme, que foi merecidamente premiado. Simplesmente imperdível!

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Médico na Escola
Dr José Carlos Machado
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