A PARTIDA (OKURIBITO/DEPARTURES)
Direção – Yojiro Takita
Japão/2008 – 131 minutos
Masahiro Motoki, Tsutomu Yamozaki, Rioko Hirosue, Kimiko Yo.
Um jovem violoncelista (Daigo
Kobayashi) perde seu emprego em Tóquio depois que a orquestra em que tocava é
desfeita, sem emprego resolve retornar com a esposa à cidade natal (Yamagata),
lá procura trabalho e atende um anúncio que procurava um nokanshi (responsável por colocar corpos em caixões), sem saber do
que se tratava, causando inicialmente um grande estranhamento, mas, aos poucos,
vai se tornando natural devido à forma com que seu patrão acondiciona os corpos
sem vida, transformando esse ritual (okuribito) em algo solene e com muito
respeito, preparando e acondicionando o corpo sem vida de uma maneira
absolutamente digna e com muita reverência.
Sua mulher (Mika) e seus
conhecidos, no entanto desprezam o trabalho de Daigo que segue adiante mesmo
quando sua mulher o abandona questionando se aquele era o trabalho que
escolhera para a sua vida, se aquilo seria normal. Ele mesmo se pergunta e
reflete sobre isso, afinal o que é normal? Não é natural morrer?
Ganhador do Oscar de melhor filme
estrangeiro, esse drama traz de uma maneira comovente e sensível a delicadeza
desse ritual de acondicionamento dos corpos em que os falecidos são limpos,
maquiados, preparados e vestidos antes de serem colocados em seus caixões em
uma cerimônia que é acompanhada por seus familiares e entes queridos. Aquilo
que é classificado como “o primeiro banho
de um novo nascimento”, feito com muita tranquilidade, afeto e precisão
nesse ritual de passagem da vida à morte, essa partida.
No entanto, Daigo carrega dentro
de si uma grande mágoa por ter sido abandonado por seu pai aos seis anos de
idade e do qual nunca mais teve notícias, mas esse encontro marcado ainda faz
parte em trajetória história nesse seu novo trabalho.
Nas palavras do próprio
personagem lembrando-se de sua infância:
“o inverno não era tão frio quando eu
era criança”, fica a ideia de que o amadurecimento passa por diversas
fases, de natureza física e também emocional, que os critérios de normalidade
precisam ser reavaliados e incorporados dentro de nós. Afinal a morte como uma
passagem, como uma etapa a ser cumprida poderia ser entendida não como algo
macabro e final, mas como algo que resgata a própria vida, já que essa seria a
nossa maior benção, viver em plenitude e aproveitá-la da melhor forma possível,
a partida teria um significado mais completo se representasse uma passagem de
algo que valeu a pena, deixando nas lembranças daqueles que ficam os bons
momentos vividos juntos, as lembranças felizes, o perdão, simplesmente o
término de uma fase.
Assisti pela primeira vez hoje e o filme é simplesmente maravilhoso!
ResponderExcluirUm filme tocante! Eu o assisti há muitos anos.
ResponderExcluirE ainda hoje, guardo na lembrança uma cena surpreendente, do reencontro do protagonista com o seu pai. Reservarei a quem ainda não o assistiu a surpresa que ela poderá causar. Trata-se de um filme repleto de extraordinárias passagens – no sentindo mais amplo do termo. O equívoco do anúncio de trabalho, “A partida”, provocado no personagem e no espectador, é apenas uma delas. A síntese descreve bem o filme, que foi merecidamente premiado. Simplesmente imperdível!