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terça-feira, 3 de setembro de 2013

JOÃO E MARIA (conto)





JOÃO E MARIA.
Irmãos Grimm


Às margens de uma extensa mata existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas haviam piorado ainda mais, pois já não havia comida para todos e a lenha escasseava cada vez mais. O lenhador, pesaroso com os acontecimentos e vendo sua família passar necessidades perguntou à esposa:
- Mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras que irão sofrer.
- Há uma solução… - disse a madrasta, que era muito malvada e não gostava dos filhos do marido. Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo a abandonar as crianças na floresta.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar.
- Não chore, tranquilizou-a o irmão. Tenho uma idéia.
João esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, apanhou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram abandonadas.
Mas João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los bem mais longe de casa, mas desta vez não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia trancado a porta pelo lado de fora. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma e ter fé em Deus.
Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho. João, em vez de comer o pão, guardou-o no bolso.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado mesmo!
- Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz até aqui e ela está toda marcada com as migalhas do pão.
Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no caminho.
As crianças andaram muito até que chegaram a uma casinha toda feita com chocolate, biscoitos e doces. Famintos, correram e começaram a comer.
De repente, apareceu uma velhinha, dizendo:

- Entrem, entrem, entrem, que lá dentro tem muito mais para vocês!
Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer bastante até cair no sono em confortáveis caminhas. Quando as crianças acordaram, achavam que estavam no céu, parecia tudo perfeito. Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e aprisionou João numa jaula para que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem gordo. E fez da pobre e indefesa Maria, sua escrava.
Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para que ela sentisse se ele estava engordando. O menino, muito esperto, percebendo que a bruxa enxergava pouco, mostrava-lhe um ossinho de galinha que encontrara no chão da cela. E ela ficava furiosa com a magreza que imagina que o menino estava e reclamava com Maria:
- Esse menino continua muito magrinho, não há meio de engordar - ela gritava:
- Dê mais comida para ele! - Quero vê-lo bem gordinho!
Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim que a bruxa acordou, cansada de tanto esperar, foi logo gritando:
- Hoje eu vou fazer uma festança. Maria ponha um caldeirão bem grande, com água até a boca para ferver e dê bastante comida paro seu o irmão, pois é hoje que eu vou comê-lo ensopado. Cansei de esperar...
Assustada, Maria começou a chorar.
- Acenderei o forno também, pois farei um pão para acompanhar o ensopado. - a bruxa falou.
Ela empurrou Maria para perto do forno e disse ainda à menina:
- Entre e veja se o forno está bem quente para que eu possa colocar o pão.
Mas a malvada bruxa pretendia fechar o forno quando Maria estivesse lá dentro, para assá-la e comê-la também, mas Maria percebeu a intenção da bruxa e disse:
- Ih! Como posso entrar no forno, não sei como fazer isso?

E bruxa ficou irritada com a resposta da menina e falou:
- Menina boba! - disse a bruxa

 Há espaço suficiente nesse forno, até eu poderia passar pela porta dele.
E a bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro do forno para mostrar à menina como deveria fazer; Maria, então, deu-lhe um empurrão e ela caiu lá dentro do forno. A menina, então, mais que depressa trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse queimada e foi direto libertar seu irmão.
Estavam muito felizes e tiveram a idéia de pegarem o tesouro que a bruxa guardava e ainda colocar algumas guloseimas nos bolsos e sacolas que encontraram.
Encheram seus bolsos e se prepararam para sair dali com tudo que conseguiram juntar e partiram rumo a floresta.
Depois de muito andarem atravessaram um grande lago com a ajuda de um cisne.
Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o caminho de casa e viram ao longe a pequena cabana do pai.
Ao chegarem na cabana encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos.
Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi correndo abraçá-los. João e Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam nos seus bolsos, agora não haveria mais preocupação com dinheiro e comida e assim foram felizes para sempre.