NA NATUREZA SELVAGEM (Into the Wild).
Direção - Sean Penn.
EUA, 2007.
Emile Hirsch, William Hurt, Jena Malone, Brian Dierker.
Existe prazer nas matas densas.
Existe êxtase na costa deserta.
Existem convivências sem que aja intromissão no mar profundo
e música em seu ruído.
A um homem não amo pouco,
porém mais a natureza.
Lord Byron
Baseado no livro de Jon Krakauer, o filme é um relato das aventuras de Christofer Johson Mccandless (1968 – 1992), que após terminar os estudos decide partir em uma viajem para encontrar aquilo que considera mais imprescindível e desejável: ir ao encontro da natureza em sua forma mais intocada. Vai se desfazendo de seus bens: do dinheiro reservado para seu futuro, carro, roupas, vai deixando para trás seus amigos, pais, irmã e com uma mochila às costas inicia a sua aventura pelas regiões inóspitas do oeste americano, enfrentando o frio e o vento, o calor e a chuva, desafia a natureza tentando estabelecer uma relação de respeito e equilíbrio; caça aquilo que come e convivendo com a força da natureza em confronto constante, mas também com profunda veneração.
Seus contatos com outros semelhantes não são de aversão ou revolta com a espécie humana, ao contrário, John (Emile Hirsch) é um bom rapaz, se auto define como alguém que “tem a cabeça no lugar”, trabalha quando precisa de dinheiro e segue firme em seu propósito de ir até o Alasca, apesar do espanto daqueles que sabem de seus projetos, que vão na contramão de toda coerência moderna em se afastar da cidade abrindo mão de seus confortos e embrenhar-se na natureza e seus mistérios.
Os flashbacks que alternam cenas atuais com situações já vividas no passado e nas leituras em off de seu diário ajustam a narrativa e dão um fechamento muito particular a toda a história. Chamo a atenção para as cenas em que seus pais, após um ano de infrutíferas buscas pelo filho desaparecido, aceitam finalmente a ideia de que ele não quer mais voltar para casa, quando a mãe (Jena Malone) ainda reserva seu lugar à mesa e o pai (William Hurt) constata a sua perda. Embora sejam sutis e sem palavras, são preenchidas de uma emoção comovente. Talvez seja esse o maior encantamento desse filme, que foge da armadilha de uma pieguice fácil e de um sentimentalismo vazio, escapando de um estereótipo óbvio demais. Emociona através da consciência e da determinação de John, de que a felicidade que procura realmente pode estar ali, na essência da natureza selvagem e nos arriscamos um pouco a sonhá-la e com o personagem procura-la também.
Este filme passou quase que despercebido pelo grande público, ficando pouco tempo em cartaz em alguns cinemas da cidade, mas que pode ser encontrado nas locadoras em DVD. Certamente não houve um olhar muito complacente da mídia para algo tão antinatural como uma exaltação ao não consumismo. Um filme sensível, que tem boa trilha sonora (Edidie Vedder com músicas do Pearl Jam em estilo folk), que vão, por assim dizer, costurando toda a história. John Mccandless procura obstinadamente a felicidade e julga que a encontrará em uma relação direta com a natureza, no entanto, constata que isso só é real, de fato, quando compartilhado com o outro, esse detalhe, na verdade, faz toda a diferença.
José Carlos Neves Machado.
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