A
VAQUINHA MAGRA
(conto)
Um monge viajava com seu discípulo
pelo interior do país já haviam andado muito tempo e estavam muito cansados precisando
repousar e comer alguma coisa quando avistaram um povoado muito pobre, com
casebres miseráveis e pessoas que andavam nas ruas sujas, vestidas como
mendigos. Esgotados como estavam, resolveram arriscar e pedir um pouco de
comida e abrigo para descansarem até a manhã seguinte e prosseguir sua jornada.
Foram recebidos com muita
devoção e hospitalidade pelos habitantes que dividiram com os viajantes o muito
pouco que tinham a oferecer. Após se alimentarem com pão duro e um pouco de
leite, o monge perguntou aos habitantes:
- Como conseguem viver aqui
tão distantes e com tão poucos recursos, como fazem para sobreviver?
E as pessoas lhe explicaram
que o muito pouco que dispunham era proveniente de uma única vaca que mesmo
magra lhes fornecia ainda um pouco de leite e era disso e também de umas poucas
verduras que plantavam e da colheita de arroz que sobreviviam, utilizando,
inclusive as fezes do animal para adubar a terra árida que dispunham para
plantar e assim resumiu o ancião mais velho da cidade:
- Essa vaquinha, mesmo em
pele e osso é a nossa única fonte de sustento, dependemos dela para tudo! Sem
ela não sobreviveríamos! – falou o homem.
O monge agradeceu a
hospitalidade e se despediu de todos desejando-lhes sorte, continuando seu
caminho com o discípulo; ao se afastarem da cidade, o monge ordenou ao discípulo:
- Volte até à cidade e mate
aquela vaquinha!
- Mas como assim mestre? –
perguntou o discípulo muito espantado
– Aquele animal é a única fonte de
sobrevivência daquela gente, se matá-la, como eles irão fazer?
- Isso não importa, apenas faça
o que estou te dizendo! – o mestre falou.
E o discípulo obediente,
voltou e fez o que o mestre havia mandado.
E continuaram sua jornada,
depois de um ano de peregrinação, voltaram novamente pelos mesmos caminhos e
foram dar naquela cidade que visitaram antes, mas tiveram dificuldade em
reconhecê-la, no lugar dos casebres agora podia se ver casas bonitas e
edifícios bem construídos, as pessoas nas ruas não andavam em andrajos como
antes, mas com roupas vistosas e coloridas, os campos desertos que tinham visto
da primeira vez deram lugar à muitas plantações e animais pastavam em grandes
rebanhos. O mestre observou tudo e como da outra vez pediu hospedagem e abrigo
para passarem a noite e novamente foram muito bem acolhidos; no entanto, dessa
vez foram oferecidas comidas quentes, sopas e assados, frutas frescas e vários
tipos de pães e doces, após se alimentarem e terem descansado da viagem o
mestre perguntou aquela gente:
- Vejo que prosperaram muito
desde a minha última visita, o que fizeram para transformar um lugar miserável
em algo tão próspero?
Então lhe responderam:
- Ah Mestre! Depois de sua
última visita, uma fatalidade se abateu sobre nós, a nossa única fonte de
sustento, a nossa vaquinha que mesmo magrinha nos ajudava a sobreviver, foi
morta e então precisamos continuar vivendo e saímos procurando por outras
possibilidades e para não morrermos, conseguimos chegar até aqui.