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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A VAQUINHA MAGRA (conto)





A VAQUINHA MAGRA
(conto)

Um monge viajava com seu discípulo pelo interior do país já haviam andado muito tempo e estavam muito cansados precisando repousar e comer alguma coisa quando avistaram um povoado muito pobre, com casebres miseráveis e pessoas que andavam nas ruas sujas, vestidas como mendigos. Esgotados como estavam, resolveram arriscar e pedir um pouco de comida e abrigo para descansarem até a manhã seguinte e prosseguir sua jornada.
Foram recebidos com muita devoção e hospitalidade pelos habitantes que dividiram com os viajantes o muito pouco que tinham a oferecer. Após se alimentarem com pão duro e um pouco de leite, o monge perguntou aos habitantes:
- Como conseguem viver aqui tão distantes e com tão poucos recursos, como fazem para sobreviver?
E as pessoas lhe explicaram que o muito pouco que dispunham era proveniente de uma única vaca que mesmo magra lhes fornecia ainda um pouco de leite e era disso e também de umas poucas verduras que plantavam e da colheita de arroz que sobreviviam, utilizando, inclusive as fezes do animal para adubar a terra árida que dispunham para plantar e assim resumiu o ancião mais velho da cidade:
- Essa vaquinha, mesmo em pele e osso é a nossa única fonte de sustento, dependemos dela para tudo! Sem ela não sobreviveríamos! – falou o homem.
O monge agradeceu a hospitalidade e se despediu de todos desejando-lhes sorte, continuando seu caminho com o discípulo; ao se afastarem da cidade, o monge ordenou ao discípulo:
- Volte até à cidade e mate aquela vaquinha!
- Mas como assim mestre? – perguntou o discípulo muito espantado 
– Aquele animal é a única fonte de sobrevivência daquela gente, se matá-la, como eles irão fazer?
- Isso não importa, apenas faça o que estou te dizendo! – o mestre falou.
E o discípulo obediente, voltou e fez o que o mestre havia mandado.
E continuaram sua jornada, depois de um ano de peregrinação, voltaram novamente pelos mesmos caminhos e foram dar naquela cidade que visitaram antes, mas tiveram dificuldade em reconhecê-la, no lugar dos casebres agora podia se ver casas bonitas e edifícios bem construídos, as pessoas nas ruas não andavam em andrajos como antes, mas com roupas vistosas e coloridas, os campos desertos que tinham visto da primeira vez deram lugar à muitas plantações e animais pastavam em grandes rebanhos. O mestre observou tudo e como da outra vez pediu hospedagem e abrigo para passarem a noite e novamente foram muito bem acolhidos; no entanto, dessa vez foram oferecidas comidas quentes, sopas e assados, frutas frescas e vários tipos de pães e doces, após se alimentarem e terem descansado da viagem o mestre perguntou aquela gente:
- Vejo que prosperaram muito desde a minha última visita, o que fizeram para transformar um lugar miserável em algo tão próspero?
Então lhe responderam:
- Ah Mestre! Depois de sua última visita, uma fatalidade se abateu sobre nós, a nossa única fonte de sustento, a nossa vaquinha que mesmo magrinha nos ajudava a sobreviver, foi morta e então precisamos continuar vivendo e saímos procurando por outras possibilidades e para não morrermos, conseguimos chegar até aqui.