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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

CONVERSANDO COM OS PAIS - D. W. WINNICOTT - resenha de livro











CONVERSANDO COM OS PAIS

Donald W. Winnicott
Organização - Clare Winnicott e colaboradores
Tradução - Álvaro Cabral
Revisão - Claudia Berliner
Livraria Martins Fontes, São Paulo, 1999
152 páginas

Winnicott era antes de mais nada um pediatra, trabalhou com crianças durante muitos anos e depois se interessou pela Psicanálise e contribuiu enormemente com seu olhar voltado ao mundo infantil, inaugurou uma escola que tem seguidores pelo mundo todo, na qual o mútuo envolvimento emocional mãe-bebê aliado a procedimentos extremamente convincentes e práticos o classifica como um autor que traz elementos que tentam explicar que o instinto dos pais para fazer a coisa certa, associada à inevitável culpa, tem solução e que nessa ambivalência a sensibilidade vindo à tona é comum que eles fiquem sem saber como agir e como lidar com essas emoções tão contraditórias que surgem, então alguém que não os condenem, mas que fala que "a maioria dos pais deseja fervorosamente fazer o bem aos seus filhos", ou seja, estimula-os a terem consciência para que possam refletir sobre as suas ações, certamente a chance de transformação será maior. Não se trata de instruir os pais de como seria o procedimento correto sobre esse ou aquele assunto, mas ajudá-los a compreender o que fazem e justificá-los pelo que fizeram.
Sua obra possui esse viés com uma observação cuidadosa da criança e o mundo ao seu redor, nesse livro foi organizado trazendo algumas palestras (depois de 1955) que o autor fez para a BBC de Londres entre 1939 e 1962, no total foram feitas aproximadamente 50 palestras radiofônicas dirigidas aos pais apresentando temas como: DIZER "NÃO"; CIÚME; O DESENVOLVIMENTO DO SENTIDO DE CERTO E ERRADO DE UMA CRIANÇA; SEGURANÇA; MADRASTAS E PADRASTOS entre outros comentados de uma forma informal e não impositiva ou determinante, mas chamando a atenção dos leitores (no caso original, ouvintes), de situações tão pertinentes aos pais, contendo todas elas grandes conflitos e inquietações que, diga-se de passagem, ainda absolutamente atuais.
Quando tratamos de temas ligados ao desenvolvimento infantil é importante esse olhar criterioso e incentivador que o grande mestre soube com muita qualidade nos ensinar. Alguém que declara perante às revelações às vezes tímidas e muitas outras carregadas de uma grande carga de culpa e frustração, justamente por não acharem que fizeram a coisa certa com seus filhos e ouvem após a escuta: "percebe-se que poderíamos ter feito pior, mas algo apropriado aconteceu, era essa a coisa certa a fazer, nada poderia ter sido melhor", então os pais mais confortados podem depois discutir as coisas que fizeram, com mais calma e talvez até se surpreendam com o que fizeram, mas menos culpados, pois, tiveram essa oportunidade e não foram simplesmente rechaçados, ao contrário foram acolhidos e incentivados a olhar essa relação com seus filhos sobre um outro prisma.
Desse modo, Winnicott vai abordando nesse livro situações angustiantes , mas que também podem e devem ser reavaliadas e compreendidas.
Uma excelente leitura para quem trabalha, vive, ou se relaciona com crianças e para uma melhor compreensão e aceitação de si mesmo.

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Dr José Carlos Machado
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