2015 (Suécia)
· Idiomas: Língua sueca · Língua persa
· Prêmios: European Film Award for Best Comedy · Guldbagge Award for Best Make-up/Hair Duas indicações para o OSCAR de melhor filme estrangeiro
· Duração: 1hora 56min ·
Elenco
Johan VViderberg
Baseado em um livro do mesmo nome
conta a história de um senhor que tem uma rotina severa cuidando do condomínio
em que mora, observando se seus vizinhos descartam seu lixo de forma adequada,
se estacionam seus carros nas respectivas vagas, cuidando e criticando
duramente a todos à sua volta ao mesmo tempo em que visita o túmulo de sua
mulher Sonja. Nessa vida amargurada, solitária, monótona e depressiva começa a
pensar em suicídio, mas os novos vizinhos do outro lado da rua mudam as suas
perspectivas e trazem novos problemas que ele precisa resolver.
Rolf Lassgärd (OVE), vai aos poucos
nos envolvendo nessa trama comovente evocando uma espécie de simpatia do
espectador conforme vão sendo desvendados os motivos que o levaram a agir desse
modo e é revelado que aquele homem bruto, forte, racional e determinado também
tem coração, aliás essa simbologia fica muito pertinente quando descobrimos
durante a trama que OVE apresentas um problema de saúde. Acabamos torcendo por
aquele rabugento e entendendo o porquê de suas implicações, com pitadas sutis
de humor o filme se torna leve, embora com questionamentos significativos, na
verdade, nos identificamos com OVE, justamente porque todos nós, sob diversos
aspectos e variações, temos esse lado implicante e crítico que reage àquilo que
vêm de fora, que é contrário ao novo e ao diferente, que não se enquadra em
nossa lógica pré-determinada; tornamos-nos OVE quando temos uma dificuldade de
aceitar que o mundo e a realidade simplesmente não existem para nos satisfazer
e essa é o grande desafio que precisamos enfrentar para sair desse determinismo
e dessa arrogância que nos aprisiona. OVE talvez tenha sofrido privação de seus
pais, pouco afetivos e com silêncios profundos, talvez seja naturalmente
deprimido, melancólico, mas teve uma companheira (Sonja), que o acolheu e o
aceitou desse modo, tem amigos e vizinhos pacientes com suas agressões e essas
experiências demonstram que a vida mesmo, com suas hostilidades, injustiças e
contradições, também pode ser possível e fica compreensível quando quer se
reunir à sua mulher, que o aceita integralmente, mas na sua ausência tem que
lidar com aqueles que nem sempre o acolhem que o questionam e nem sempre
admitem esse modo agressivo e prepotente de reagir aquilo que não lhe agrada.
A meu ver a grande reflexão que esse
filme traz é a chance que podemos ter em avaliar o nosso próprio lado OVE, nas
armadilhas e nas projeções que fazemos, no falso self que incorporamos e nesse
automatismo reagimos e terceirizamos aos outros todas as nossas frustrações e angústias ao invés de percebermos que mesmo
com todos os argumentos e certezas não existe somente uma verdade e o
subjetivismo e a própria vida se incumbi de demonstrar isso, ou seja, a vida
pode se tornar mais leve e consequentemente mais feliz.
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Médico na Escola
Dr José Carlos Machado
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