Pesquisar este blog

terça-feira, 24 de junho de 2025

PRESTA ATENÇÃO NO QUE VOCÊ FEZ! - artigo



PRESTA ATENÇÃO NO QUE VOCÊ FEZ!

 

Uma cena comum: a criança deixa cair algum objeto no chão, por desatenção, inabilidade, distração, divagação, seja o que for e ouve a reprimenda: - Presta atenção no que você está fazendo! Às vezes revestido de uma explicação: - Parece até que tem duas mãos esquerdas! E uma previsão: - Você é muito desajeitado! E sim, essa prognose pode realmente acontecer porque essa criança acreditará que realmente é desastrada. Como se opor a uma determinação desse tipo, um vaticínio repetido muitas vezes durante os inúmeros equívocos que não foram poupados de críticas deixando evidente que a criança “não faz nada direito”.

E assim desse modo, talvez não intencional, mas lesivo do mesmo modo, vai se construindo esse “falso self” em que a criança vai formando a imagem deturpada de ser canhestra, inábil e não conseguir realizar algumas tarefas à contento de seus algozes a quem essa afirmação deveria ser dirigida: - Presta atenção no que você faz quando fala essas bobagens à criança!

A criança ainda não tem repertório psíquico suficiente para neutralizar as afirmações nem sempre incentivadoras de seus condutores, principalmente se forem seus pais, cuja fala tem um enorme poder. Aprende então, pela repetição e até pela aceitação de que realmente ela é desajeitada, esquisita, desastrada, distraída e por aí afora. Mas se entende que não faça nada direito, como encontrar um lugar no mundo que a acolha e que possa realizar algum trabalho?

Muitas falas podem ser extremamente cruéis, nem todas são premeditadas ou intencionais, mas não diminuem o grande poder destrutivo que acabam fazendo na cabeça das crianças. Muitos pais se justificam: - Não quis dizer aquilo! – Estava nervoso e saiu... – Meu filho sabe que eu gosto dele... Pois é, o fato de não querer dizer isso ou aquilo não impediu a fala atravessada ou ataques de fúria e nervosismo causam sim muitos temores e, às vezes, ficam permeados na memória durante anos.

Na memória infantil ficam guardadas experiências significativas e marcantes, especialmente aquelas carregadas de emoção e afeto. O que mais permanece são as relações, as brincadeiras, as descobertas, os momentos de conexão com os cuidadores e o ambiente em que a criança está inserida. Cheiros, sons e sabores associados a momentos felizes, as relações afetivas que estabeleceram com outras pessoas, incluindo a forma com que foram tratados e como sentiram essas interações, viagens, festas, momentos marcantes e pequenas situações do cotidiano que ficaram gravadas na memória.

Mas, também existem as lembranças ruins do passado que podem ser perturbadoras e impactar negativamente o presente.  Lembranças ruins podem variar desde pequenos momentos constrangedores até experiências traumáticas. Elas podem ser desencadeadas por eventos específicos ou surgir de forma espontânea, afetando o bem-estar emocional e mental. Isso acontece porque o cérebro tende a dar mais destaque às experiências negativas, pois elas são vistas como ameaças potenciais que precisam ser lembradas para evitar que se repitam, uma espécie de auto preservação. No entanto, essa tendência pode gerar sofrimento e ansiedade, especialmente quando as lembranças são muito fortes ou recorrentes.

Deveríamos ter consciência disso a fim de selecionar aquilo que falamos de maneira irrefletida e descompromissada, pois, certamente vai gerar consequências nem sempre superficiais, ao contrário, bastante perturbadoras.

Prestar atenção no que se fez, seja na fala como na atitude serve para o condutor do mesmo modo que para o conduzido. É natural que a criança erre, todos erramos de alguma forma, se adultos conseguimos alguma proeza em alguma coisa, foi, justamente porque erramos muitas vezes até conseguir lograr êxito, que muitas vezes é temporário exigindo novo esforço e novo aprendizado. Por exemplo, em relação ao uso da mídia eletrônica. Exceto os nativos digitais (geração Z, nascidos a partir de meados da década de 1990 e a geração Alpha, nascidos após 2010), que possuem uma fluência digital, com muita facilidade e familiaridade com tecnologias digitais, usando-as intuitivamente em diversas atividades, uma parcela imensa da sociedade teve de aprender manusear aparelhos e teclados para sobreviver minimamente em uma época que esse domínio se tornou necessidade. Os chamados migrantes digitais, sofrem com isso, mas tiveram de se adaptar, erram e persistem, conseguindo, mesmo que precariamente, fazer parte desse “novo mundo”. Mesmo os “deficientes virtuais” aqueles que pedem ajuda para ligar a TV ou se atrapalham com o teclado dos smartphones, sobrevivem de algum modo. Reclamam e tem saudade de outros tempos, erram e acabam aprendendo.

Então, porque as crianças também não podem errar sem receber as críticas e as definições de que precisam prestar atenção naquilo que fazem, sim, certamente é importante ficar atento e se esmerar em fazer bem feito, a superar suas dificuldades, mas com incentivo e apoio e não com desprezo e descrença. Falar para a criança que ela poderá se esforçar mais para conseguir um melhor desempenho é diferente de julgá-la e classifica-la como inábil e desastrada, assim como os mais velhos tiveram de se esforçar para adquirir desempenho em novas habilidades, errando e insistindo as crianças precisam desse mesmo incentivo. Não tem como conseguir um resultado pleno sem repetição, treino erro e correção. Faz parte da vida. É Preciso prestar atenção a isso.

                                                                                                       Dr. José Carlos Machado.



Médico Escolar – Dr. José Carlos Machado - www.mediconaescola.com acompanhe também nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/user/medicinaescolar  e Insta:  @anthttps://www.blogger.com/about/rhttps://www.blogger.com/about/antroposofiaemdia / @antroposofiaemdia / podcast (spotify) “Tudo Aquilo que as Crianças Gostariam que seus Pais Soubessem”/mediconaescola.blogspot.com.br.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Médico na Escola
Dr José Carlos Machado
www.mediconaescola.com

Acompanhe tampem nosso canal no You Tube! https://www.youtube.com/user/medicinaescolar