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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Artigo - Contos Maravilhosos Infantis e Domesticos


CONTOS MARAVILHOSOS INFANTIS E DOMÉSTICOS (1812 – 1815).


Jacob e Wilhelm Grimm
Tradução Cristine Röhrig
Ilustrações J. Borges.
Editora CosacNaify , 2012 – dois volumes (390 – 289 págs.).

“O conto maravilhoso que ainda hoje é o primeiro conselheiro das crianças porque foi outrora o primeiro da humanidade, continua a viver secretamente na narrativa. O primeiro e verdadeiro narrador é e permanece sendo o narrador de contos maravilhosos”.
Walter Benjamim.
Comemorando o bicentenário da edição dos contos selecionados pelos Irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm), foi lançada essa coletânea com ilustrações do conhecido xilo gravurista J. Borges, contribuindo com seus desenhos a essa obra que reúne cento e cinquenta e seis contos em dois volumes. Traduzidos em muitas línguas esses contos serviram como referência para vários autores e até hoje ocupam com primazia um honroso primeiro lugar como o livro alemão mais traduzido, superando, inclusiveFausto de Goethe.
Essa coletânea de contos garimpados nas aldeias e lugarejos da Alemanha ao longo dos anos pelos dois irmãos traz em seu título original (Kinder und Hausmärchen – Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos) a concepção essencial do conto antigo, segundo seus autores; ”Contos maravilhosos infantis são narrados para que em sua luz suave e pura os primeiros pensamentos, as primeiras forças de coração despertem e vicejem; uma vez, porém, que sua singela poesia, sua íntima verdade pode alegrar e instruir todo e qualquer ser humano e, ainda, uma vez que eles permanecem e são transmitidos adiante no círculo familiar, eles também são chamados de contos maravilhosos domésticos”. Essa é a magia que esse tipo de narrativa evoca e a torna tão especial, pois envolve a todos e, certamente, quando prestigiada pela família torna-se um refúgio seguro, uma espécie de referência que as crianças podem seguir e os adultos utilizando de suas particularidades objetivarem conselhos e direções que os contos oferecem de uma maneira lúdica e subjetiva, sem que, no entanto perder a lucidez ou a importância.
Os sentimentos contraditórios (amor/ódio; amizade/deslealdade; compaixão/vingança; bem/mal) e toda espécie de vilanias e aflições aparecem nos contos de fada, aqui estão presentes os elementos, muitas vezes contraditórios, com os quais a alma humana enfrenta o tempo todo, a riqueza encontra-se justamente aí, ou seja, na situação em que o personagem se encontra, muitas coisas irão acontecer e os caminhos percorridos terão, logicamente, um destino e uma consequência, pela qual o herói (ou vilão) terá que enfrentar, existe um merecimento que explica e justifica a narrativa, sem a preocupação de um cunho moralizante ou uma moral estabelecida, esse é o segredo do conto maravilhoso.
“Esse tempo dedicado ao encantamento do conto possibilita que o narrador e o ouvinte mergulhem nessa atmosfera dominada por príncipes, fadas, bruxas, castelos, animais e humanos, que através de suas aventuras transmitem valores e possibilitam que se possa olhar além de si mesmo. Na poesia simples e pura dos contos infantis encontram-se os elementos tão significativos que permitem visualizar claramente que alma humana, contraditória e efêmera tenha um local aonde venha a se reequilibrar”.
José Carlos Neves Machado – médico escolar

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Dr José Carlos Machado
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