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sábado, 20 de abril de 2013

CONTOS DOS IRMÃOS GRIMM - Clarice Pinkola Estés (resenha de livro)


CONTOS DOS IRMÃOS GRIMM
Clarice Pinkola Estés
Tradução de Lia Wyler
Ilustrações de Arthur Rackham
Editora Rocco: Rio de Janeiro, 1999 – 315 páginas.


A analista junguiana Clarice Pinkola Estés selecionou cinquenta e quatro contos maravilhosos de autoria dos Irmãos Grimm, com desenhos do ilustrador Arthur Rackham, contribuindo com a beleza do trabalho, que através de seus desenhos, na medida adequada, retratando imagens e cenas que fazem com que a nossa mente possa capturar a atmosfera do conto, fazendo-nos interessar mais ainda pela história que estamos ouvindo.
A riqueza dos contos de fadas reside em sua linguagem simbólica, nos valores edificantes e éticos que permeiam os personagens, aparecem também a maldade, a torpeza e a vilania que durante a narrativa vão surgindo de modo claro e verdadeiro o destino que esses sentimentos propiciam aos personagens e como através da persistência, do trabalho e do merecimento muitas transformações podem se operacionalizar. Os verdadeiros contos, aqueles que possuem essa fórmula, são uma espécie de “registro” de como determinadas situações podem resultar em retumbantes fracassos ou sucessos vigorosos. Então o cunho terapêutico que se encontra permeado nessa estrutura possui um valor inegável, sobretudo para as crianças, mas igualmente benéfico aos adultos que se permitem entrar nesse mundo de fantasia, riquíssimo em metáforas e simbologias.
O aspecto moralizante, as interpretações morais e humilhantes que possibilitam apenas uma saída, não é a prerrogativa dos contos antigos, as histórias relatam cenas e aventuras dos personagens que, praticamente, colhem os frutos daquilo que plantaram, ou seja, existe uma razão para o desfecho daquela história, isso é revelado desde o início da história. Os elementos da narrativa não se encontram camuflados, ou se por acaso se utilizam desse artifício, são desmascarados, os heróis tem dignidade e poder para isso e os vilões são desprezíveis justamente por terem um comportamento totalmente diverso.
Desse modo contos mais conhecidos como Branca de Neve, Rapunzel, A Gata Borralheira e Bela Adormecida se apresentam com versões mais fiéis às suas formas originais e outros contos, igualmente ricos, mas nem sempre disponíveis como Rosa Branca e Rosa Vermelha, João de Ferro, Um-Olho, Dois-Olhos e Três-Olhos, foram selecionados e podem, a partir de agora encantar e servirem de ferramentas muito úteis, evocando sentimentos e lembranças esquecidas que precisam e deveriam ser ritmicamente despertadas.
A própria autora define a eternidade dessa terapia: “Nos contos de fadas acham-se gravadas ideias infinitamente sábias que durante séculos se recusaram a se deixar mutilar, desgastar ou matar. As ideias mais persistentes e sábias estão reunidas nas teias de prata que chamamos contos. Desde a descoberta do fogo, os seres humanos se sentem atraídos pelos contos místicos”.
José Carlos Machado – médico escolar.


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Médico na Escola
Dr José Carlos Machado
www.mediconaescola.com

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