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sábado, 20 de abril de 2013

KAFKA E A BONECA VIAJANTE - Jordi Sierra i Fabra (resenha de livro)








Kafka e a boneca viajante
Jordi Sierra i Fabra
Martins Fontes – 2008
Por que a dor infantil é tão poderosa? Questiona o personagem que se vê consternado diante do choro de uma menina que havia perdido sua boneca. Um homem sentado em uma praça vê essa cena e não consegue desvencilhar-se dela, trata-se na verdade do escritor tcheco Franz Kafka, que, segundo Dora, sua companheira na época, ele de fato escreveu durante três semanas cartas para uma menina que perdera sua boneca, material esse que nunca foi encontrado, mas que o autor espanhol ganhador do prêmio nacional de literatura infantil e juvenil em 2007 justamente com esse livro, baseando-se nessa história real, transcreveu e deu figurabilidade a essa situação inusitada. Com uma escrita despojada, sem grandes elucubrações e envolvente, nos convida a participar com ele dessa farsa que o personagem (Kafka) inventa para ajudar a menina (Elsi) a se conformar com a perda de sua companheira, se intitula carteiro de bonecas e passa a relatar para a menina em cartas, as aventuras que sua boneca (Brígida) nos vários lugares do mundo que passou a visitar depois de deixá-la e com isso ajuda-a a superar a sua perda.
As verdadeiras cartas e a identidade da menina nunca foram descobertas, mas a ficção empresta a essa história uma singular e comovente narrativa que prende a atenção do leitor, utilizando as palavras do personagem: - O maior absurdo depende da sinceridade com que é contado.
Mas, enfim por que existe tanto poder na dor infantil? Essa indagação movimenta as peripécias com que o personagem se depara tentando aplacar a sua própria angústia em ver aquela criança inconsolável diante da perda de sua boneca. E por que será que isso acaba também nos envolvendo? Talvez essa dor nos remeta ao desamparo e à solidão que um dia já experimentamos e por compaixão nos aflija e nos solicite para algum tipo de auxílio, ou quem sabe por solicitar de nós uma resposta, uma prontidão, afinal, quando nos propomos a trabalhar com crianças assumimos um pouco esse papel de correspondente, tentando, de algum modo, nos comunicar com a criança e seu mundo, não é esse o desafio ao qual somos freqüentemente convocados? Afinal, como diz o autor: - Salvar uma menina não é salvar o mundo?

José Carlos Neves Machado.












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