Era uma vez um homem que, de tão velho, mal podia andar.
Seus joelhos tremiam, ele não via ou ouvia muita coisa e já não tinha nenhum dente na boca.
Quando se sentava à mesa para comer, tremia tanto que entornava a sopa sobre a toalha,
e um pouco de líquido lhe ficava saindo dos cantos da boca. O filho do velho e a nora sentiam
tanto nojo que o forçavam a se sentar num cantinho atrás do fogão para comer e punham
sua comida em uma tigela de barro que mal dava para saciar a fome do pobre.
Ele ficava ali sentado, triste, olhando para a mesa com os olhos úmidos.
Certa vez, suas mãos trêmulas não conseguiram segurar a tigela, que caiu no chão e se
espatifou. A nora o repreendeu rudemente, mas ele só suspirou, sem esboçar qualquer reação.
Então lhe compraram uma tigela de madeira bem barata e esse passou a ser seu prato.
Certo dia, quando estavam sentados fazendo a refeição, o pequeno neto de quatro anos,
que estava sentado no chão, começou a juntar tabuinhas de madeira.
“Mas o que você está fazendo?”, perguntou o pai do menino. “Ah!”, respondeu a criança,
“Estou montando uma tigelinha, para papai e mamãe comerem nela quando eu for grande.”
O filho e a nora do velho então se entreolharam e começaram a chorar, imediatamente
foram buscar o velho avô para que se sentasse à mesa com eles, e, daquele momento
em diante, ele passou a comer com eles e não diziam mais nenhuma palavra quando o
velho entornava um pouco de comida.
Irmãos Grimm
Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos – tomo I (1812) – Jacob e Wilhelm Grimm – tradução Christine Röhrig – página 351 – Editora COSACNAIFY – São Paulo,2012)
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Dr José Carlos Machado
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