Um rato da cidade, tendo saído a passeio, encontrou um rato do campo que o regalou com bolotas, cevada, nozes e tudo o mais que houvesse. O rato da cidade, porém disse: "Tu és um rato pobre; por que queres viver assim na miséria? Venha comigo! Terei prazer em arranjar, entre as mais deliciosas iguarias, o bastante para nós dois. Nunca vistes nada parecido".
O rato do campo ficou muito admirado e quiz conhecer de perto essas maravilhas prometidas e mudou-se com o outro para uma esplêndida e linda casa, onde o rato da cidade morava. Foram ambos até a dispensa, onde havia pão, carne, toucinho, linguiça em abundância e, sobretudo queijo. Disse então o rato da cidade: "Agora, come e fica à vontade! Iguarias deliciosas como estas tenho com fartura todos os dias". Nisto vem o criado e faz barulho com as chaves na porta. Os ratos assustados, puseram-se em fuga. O rato da cidade achou logo o seu buraco, mas o rato do campo não sabia para onde ir e subia e descia pela parede e mal teve tempo de salvar sua vida, escapando por um triz. Depois que o criado saiu, o rato da cidade disse: "Não há mais perigo nenhum, fiquemos à vontade!" O rato do campo, porém respondeu: "Para ti é fácil falar; sabias como achar o teu buraco, enquanto eu morrendo de medo, quase que não escapo com vida. Vou dizer qual a minha opinião: continua sendo um rato da cidade, a devorar linguiças e toucinhos e todas as suas delícias! Quanto a mim, quero continuar um rato pobre do campo e voltar a comer minhas bolotas. Em momento algum estarás a salvo do criado, dos gatos, das ratoeiras e toda essa casa linda é tua inimiga, eu porém onde moro, estou livre e em segurança no meu modesto buraquinho no campo".
E foi embora pelo mesmo caminho que veio e continuou assim até o fim dos seus dias, mas parece que o rato da cidade não teve a mesma sorte.
Fábulas de Esopo.
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Dr José Carlos Machado
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