CONTOS DE FADAS
Edição Comentada & Ilustrada
edição, ilustração e notas - Maria Tatar
tradução - Maria Luiza X. de A. Borges
Zahar Editora
Rio de Janeiro, 2004.
"Os contos de fada clássicos contam às crianças o que elas inconscientemente sabem - que a natureza humana não é exatamente boa, que o conflito é real, que a vida é severa antes de ser feliz - e com isso as tranquilizam com relação a seus próprios medos e a seu próprio senso de individualidade"
Arthur Schlesinger Jr.
A autora apresenta 26 contos de fada, clássicos da literatura infantil, obras conhecidas dos Irmãos Grimm, Charles Perrault, Joseph Jacobs, Hans Christian Andersen e outros autores com belas ilustrações e ainda biografias dos autores e de seus ilustradores; mas o que torna esse livro particularmente interessante são os comentários que Maria Tatar, apresenta sobre as características históricas, culturais e psicológicas dos personagens e dos contos apresentados nessa coletânea; desse modo acrescenta notas às histórias, com o intuito segundo a própria autora de "enriquecer a experiência da leitura, fornecendo sugestões para pontos em que o adulto e criança podem contemplar possibilidades alternativas, improvisar novos rumos ou imaginar finais diferentes". Não se trata de um livro voltado exclusivamente à criança, principalmente no que se refere aos comentários e considerações, pertinentes ao mundo adulto, mas as histórias e as belíssimas ilustrações de Gustave Doré, George Cruikshank, Walter Crane, Edward Burne-Jones entre outros, certamente serão muito apreciadas por elas.
Os contos de fada que fizeram parte da vida cotidiana dos adultos em uma época sem televisão, quando se reuniam em volta do fogo e contavam histórias para afugentar o tédio dos seus afazeres domésticos, foram transplantados para o quarto das crianças e se estabeleceram como fontes de entretenimento e edificação moral, passam a constituir um legado cultural passado de geração à geração chegando até os dias atuais. Os aprendizados contidos nessas histórias ensinaram aos nossos antepassados e continuam mostrando às crianças de hoje, que as dificuldades do mundo podem ser vencidas e que a exemplo dos personagens, com astúcia, um pouco de sorte e bom humor, as adversidades podem ser superadas e dominadas e como citava o psicanalista Bruno Bettelheim, que enfatizava o valor da "luta" e do "domínio" e via nos contos de fada "uma experiência em educação moral".
Entre vários comentários interessantes, ao tratar de um clássico bastante conhecido, Branca de Neve (páginas 84 - 85), em uma versão de Jacob e Wilhelm Grimm, a autora não deixa de compará-lo à versão cinematográfica que Walt Disney fez em 1937, cuja caricatura é muito conhecida e estereotipada, impedindo que em nossa imaginação surja outra figura diferente daquela que ficou gravada em nossa mente quando pensamos em Branca de Neve e os sete anões, o que acabou ofuscando um significado mais profundo de sua verdadeira história, ou seja, o que originalmente foi centrado na trama edipiana na rivalização entre mãe e filha pela aprovação do pai (a voz do espelho), passa pela versão hollywoodiana em um antagonismo mais brando, na imagem do feminino representado em duas polaridades: a madrasta invejosa e fria e a menina inocente, meiga e muito prendada nos trabalhos domésticos ,necessitando da ajuda de anões para defendê-la, que, de certa forma, camuflam esse confronto entre as duas versões femininas.
Evidentemente esses aspectos passam ao largo da narrativa quando as crianças escutam a história, ou nesse caso assistem ao filme; embora estejam presentes em seu conteúdo toda essa temática, sendo pouco provável que as crianças interpretem dessa maneira, mas é muito interessante que esses aspectos sejam revelados e referendados quando passamos a utilizar o conto de fadas sob um aspecto mais terapêutico e individualizado, o que certamente, em muitas situações trata-se de um valoroso aliado, principalmente ao elegermos a narrativa oral e deixando que a imaginação e a criatividade do ouvinte trabalhe dentro de sua mente as fantasias e as projeções necessárias, esse é o grande segredo e valor do conto de fadas.
Entre vários comentários interessantes, ao tratar de um clássico bastante conhecido, Branca de Neve (páginas 84 - 85), em uma versão de Jacob e Wilhelm Grimm, a autora não deixa de compará-lo à versão cinematográfica que Walt Disney fez em 1937, cuja caricatura é muito conhecida e estereotipada, impedindo que em nossa imaginação surja outra figura diferente daquela que ficou gravada em nossa mente quando pensamos em Branca de Neve e os sete anões, o que acabou ofuscando um significado mais profundo de sua verdadeira história, ou seja, o que originalmente foi centrado na trama edipiana na rivalização entre mãe e filha pela aprovação do pai (a voz do espelho), passa pela versão hollywoodiana em um antagonismo mais brando, na imagem do feminino representado em duas polaridades: a madrasta invejosa e fria e a menina inocente, meiga e muito prendada nos trabalhos domésticos ,necessitando da ajuda de anões para defendê-la, que, de certa forma, camuflam esse confronto entre as duas versões femininas.
Evidentemente esses aspectos passam ao largo da narrativa quando as crianças escutam a história, ou nesse caso assistem ao filme; embora estejam presentes em seu conteúdo toda essa temática, sendo pouco provável que as crianças interpretem dessa maneira, mas é muito interessante que esses aspectos sejam revelados e referendados quando passamos a utilizar o conto de fadas sob um aspecto mais terapêutico e individualizado, o que certamente, em muitas situações trata-se de um valoroso aliado, principalmente ao elegermos a narrativa oral e deixando que a imaginação e a criatividade do ouvinte trabalhe dentro de sua mente as fantasias e as projeções necessárias, esse é o grande segredo e valor do conto de fadas.
José Carlos Machado.
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Dr José Carlos Machado
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