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terça-feira, 6 de novembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTÓRIAS (artigo)








Lembro-me de ser uma criança muito tímida, falava pouco, observava tudo à minha volta, mas tinha grande dificuldade de participar das brincadeiras com as outras crianças, lembro também como gostava de ouvir histórias, não me recordo dos meus pais contarem histórias de livros, mas ficaram na memória as coisas que diziam sobre a família e as dificuldades que passaram em suas juventudes e de minha mãe que inventava estórias para eu comer ou dormir.
Mais tarde tive uma experiência muito curiosa, havia um empregado que trabalhava no sítio de meu pai, ele era andarilho e de tempos em tempos aparecia e pedia emprego, ficava o tempo de juntar algum dinheiro para partir depois para mais uma aventura e ele gostava de contar causos e histórias de suas viagens para nós, na minha imaginação infantil aquilo era o mais próximo que experimentava com o universo mágico e aventuresco do mundo ainda desconhecido e da forma como ele descrevia suas narrativas trazendo suas peripécias de uma forma encantadora, não importava se havia uma sombra de mentira nesses contos e recordo que por mais inverossímeis que fossem essas histórias envolveram minha imaginação durante anos. Naturalmente, como todo bom contista ele sabia agradar os seus ouvintes, era isso que o instigava a inventar mais ainda, o estimulante em ouvi-lo era justamente isso, ele tinha prazer em contar suas histórias que imaginadas ou não, de fato não importava muito, era pura diversão, uma delícia poder ouvi-lo.
Mais tarde experimentei essa sensação com os meus filhos, contava histórias, inventava outras, então descobri que contar uma história para mim traz a sensação de poder transmitir essa excitação que sentia quando ouvia aquele homem contar suas aventuras, quando conto uma história seja para crianças ou para adultos o meu prazer é envolver esse expectador no universo mágico e fantasioso que somente os bons contos, aqueles que nos motivam podem propiciar aqueles que estão ouvindo. Realizo-me quando escolho uma história que me traz emoção e encantamento podendo compartilha-la com alguém e fico imaginando que devia ser isso que o contador de causos da minha infância também deveria sentir.  Quem conta um conto ganha um ponto e a magia desse universo é o que ajuda à criança a suportar a realidade que terá de enfrentar durante a vida.
Alguns pais questionam a insistência na narrativa de contos de fadas introduzidos desde cedo no ritmo de vida da criança, temem que desse modo seus filhos tenham uma visão distorcida da realidade e se preocupam que as crianças ouvindo essas fantasias não estejam preparadas para o futuro. O que talvez esses pais não percebam é que, justamente ao contrário, são exatamente essas histórias recheadas de arquétipos que as crianças entendem perfeitamente que possibilitarão que elas possam enfrentar a realidade que a vida irá impor futuramente. A falsa ideia de que devemos precocemente explicar e mostrar tudo para a criança sem ressalvas acarreta em uma restrição de sua infância e no grande roubo de expectativa em tirar esse tempo importante na vida infantil, à criança precisa ter tempo de ser criança. Portanto, bem vindos esses maravilhosos e fantásticos contos de fadas.

(vejam algumas indicações de livros e também sugestões de contos em outras postagens desse Blog).

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