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terça-feira, 6 de novembro de 2018

EDUCANDO COM AMOR (artigo para informativo Escola Waldorf Francisco de Assis)



AQUILO QUE ESTÁ ESCRITO NO CORAÇÃO NÃO NECESSITA DE AGENDAS, PORQUE A GENTE NÃO ESQUECE. O QUE A MEMÓRIA AMA FICA ETERNO.

RUBEM ALVES.


Educar um filho não é tarefa fácil, mas todos nós principiantes recebemos um dia essa incumbência e a exercemos da maneira que podíamos, geralmente com força de vontade e, certamente, com boa intencionalidade, que descobrimos depois não serem suficientes, mesmo assim insistimos, brigamos, erramos e finalmente descobrimos que o que movimentou tudo isso foi revestido de amor e isso nos conforta.
A criança recebe o amor de seus pais, que lhe é dado de graça, nós também temos essa reciproca, porém esquecemos na maioria das vezes de que o fato de amarmos muito os nossos filhos não nos impede de também exigir deles respeito e reverência, isso também faz parte da atitude de amar. Parece que nos esquecemos de ler nas letras miúdas do contrato que fizemos com o mundo espiritual de que cuidaríamos, protegeríamos e amaríamos os nossos filhos, mas, sobretudo os conduziríamos com segurança, respeito e confiança; pois bem as crianças tem essa expectativa dos adultos que as conduzem, principalmente de seus pais que sabem o que é bom para elas e não necessitam barganhar com seus filhos esse amor que já lhes pertence, portanto, podem e devem colocar limites, suportar frustrações e ensinar para elas que a realidade não existe para nos satisfazer, que não se pode ter tudo o que se quer na hora que desejarmos, que nem tudo sai conforme planejado, mas que apesar disso tudo estamos ao seu lado, isso também é amor e deve ser ensinado a elas.
Costumo dizer que ser pai é também saber se tornar desnecessário, para desconforto de muitos pais que questionam essa afirmação, pois me garantem que sua presença é muito importante para a vida de seus filhos e eu respondo que sim, existe e sempre existirá a importância dessa relação, mas ajudar na autonomia e no desenvolvimento é uma qualidade que não deveríamos abrir mão, trazendo à nossa própria consciência que nosso papel como condutores que somos perante nossos filhos está justamente na importância dessa função, ou seja, mostrar a direção a seguir, incentivar, torcer e se afastar à medida que vão crescendo, trabalhar internamente essas dificuldades é um ato de amor. Na contra mão disso fica nosso egoísmo em retermos nossos filhos para si e o grande boicote que fazemos a eles é promover a acomodação de receberem tudo de “mão beijada”, sem esforço e sem sacrifício o que demostra que mesmo amando muito se pode confundir e inverter esses valores, com isso as crianças e os jovens não aprendem o que é reconhecimento, não tiveram a experiência de que aquilo que dispõem foi oferecido pelos pais, a roupa da moda, o tênis bonito, a comida, o celular e tudo o mais foi oferecido pelos pais, que muitas vezes, não exigem nada em troca, nem um gesto de carinho e desse modo é lógico que serão necessários “ad infinitum”, porque atrás dessa abundância de excessos existe também a incoerência de oferecer ao filho tudo aquilo que julgamos que seja bom para ele, talvez sem refletir antes se exista de fato tal necessidade. As coisas oferecidas às crianças deveriam passar por esse crivo, o que adianta comprar o vigésimo carrinho ou a décima boneca se a criança nem brinca com todos aqueles brinquedos que já tem isso gera desperdício que se atrela a duas outras situações a falta de reverência e a ingratidão, pois, vira uma abundância, esse excesso, mesmo revestido de carinho, fica desproporcional, inadequado, demasiado, o amor também tem seus tempos e suas medidas. A criança entende isso, os adultos nem sempre, porque desconfiam de que um gesto de amor também pode estar na contido na palavra “não”, receiam perder o amor de seus filhos e isso é um grande engano. Devemos estimular a criança a superar as suas dificuldades e não fazendo isso por elas, o amor é também confiança, precisamos confiar que sabemos o que é melhor para nossos filhos.
E isso tudo fica na memória da criança, essas nossas atitudes, esses cortes que precisam ser feitos para que a criança e depois o jovem possa se lembrar, porque foi ensinado pelos pais que ele aprendeu a respeitar e confiar, essa atitude dos pais é estruturante no equilíbrio psíquico da criança, pois norteia e dá uma direção segura.
Precisamos de coragem para isso. Coragem não é a ausência do medo, pois educar um filho não é tarefa fácil. Coragem é lançar-se a despeito do medo. Desejo a todos, portanto, coragem com amor.



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Médico na Escola
Dr José Carlos Machado
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