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sábado, 17 de novembro de 2018

IRMÃOS E IRMÃS - resenha de livro.

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IRMÃOS E IRMÃS
Um Estudo em Psicologia Infantil
Karl König
Tradução – Mariângela da Motta e Susana de Souza Aranha
Editora Antroposófica, São Paulo, 1995.
83 páginas.

Karl König (1902 – 1966) foi contemporâneo de Rudolf Steiner e foi um dos fundadores do Movimento Camphill em 1939 na Escócia e que hoje tem seu trabalho difundido em várias partes do mundo, trabalho esse voltado para crianças e adultos com deficiência.
O autor apresenta nesse livro a ordem do nascimento dos filhos dentro da constelação familiar e diante da estrutura da personalidade global do indivíduo salientar as diferenças entre o primogênito, o segundo filho, o terceiro e também sobre o filho único. O primeiro tenta conquistar o mundo; o segundo procura viver em harmonia com o mundo e o terceiro é inclinado a esquivar-se de um encontro direto com o mundo, na sequencia (quarto, quinto, sexto repetem as tendências básicas do primeiro, segundo, terceiro e essa sequencia vai se repetindo). Segundo König assim como modelados dependendo do nosso sexo, a ordem de nascimento também se revela um signo (sinal) importante na vida do indivíduo.
Por sua vez o filho único traz dentro de si a solidão e o autor descreve com lirismo a cena de que a criança fica na soleira de uma porta observando o mundo que se descortina à sua frente, mas mesmo querendo ser alegre e despreocupado, talvez feliz ou triste como as outras pessoas, continua na soleira da porta não se arriscando. O filho único vive uma situação emocional que não foi treinada para repartir as coisas com ninguém, não houve convívio com irmãos e irmãs com os quais ele teria de se envolver em atritos, brigas e confusões, não precisou lutar pela preferência do colo e do carinho dos pais, pois, era só ele o tempo todo o objeto da atenção deles. Geralmente é uma criança solitária, quer estar junto dos outros, mas quando está quer voltar a ficar só, esta ambivalência de sentimentos conflitantes é bastante comum. Por sua vez os pais também ficam apegados demais ao seu único filho e o fato deste continuar na “soleira de sua porta” oferece certo conforto na companhia do filho durante a velhice, por um lado um não deseja sair e de outro os que estão dentro não querem que ele saia.
Quando apresenta as características dos outros filhos o autor chama nossa atenção para o fato de que até a chegada do outro irmão, o primogênito era o único protagonista e que a partir de então seu reinado acabou, nos relatos pessoais e também dentro da experiência dos leitores é comum associarmos essas características à nossa própria ordem cronológica na família e algumas características realmente são compatíveis. König também se utiliza da mitologia Crística em suas comparações entre o primeiro e o segundo filho, ou seja, entre Caim e Abel, o primeiro lavrador e o segundo pastor de ovelhas. Como é conhecido Caim matou Abel, quando soube que Deus havia presenteado o irmão mais novo com o Reino dos Céus e quando foi até o Criador pedindo explicação pela escolha a resposta do Senhor foi óbvia, ele olhava para a terra e para cuidar do céu precisaria ser alguém que voltasse os olhos para cima como fazia Abel que pastoreava as ovelhas e tocava sua flauta olhando as nuvens do firmamento. Como as características do primeiro são diversas do segundo, essa morte simbólica acontece de fato entre os dois primeiros filhos que disputam a atenção do pai, o terceiro filho aparece então como um elemento neutro, que não tem nada a ver com essa rivalidade, agindo com certa independência tão caraterística desses casos.
Portanto, esse livro oferece respostas interessantes para aqueles que se perguntam se existe de fato algum significado de sermos primeiro, segundo ou terceiro filho, ou até único. Sob um ponto de vista resultante de longa observação em seus anos de estudo e trabalho e termina com uma bela imagem da construção de um templo onde os primogênitos fazem as fundações, os segundos trabalham nos pilares e os terceiros participam da construção dos telhados, assim sendo, cada homem em particular, já em função de sua ordem de nascimento torna-se um trabalhador no templo da humanidade.


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