CONSIDERAÇÕES JOANINAS
“As pessoas que querem ser as
portadoras do futuro têm de desenvolver a possibilidade de
transformar os conceitos rígidos, dogmáticos, em conceitos móveis, porque assim
como mudam os tempos, também têm de mudar nossos conceitos, se quisermos
compreender o mundo”
(Rudolf Steiner)
“JOÃO foi aquele que veio redimir o
amor e salvar o homem do egoísmo causado pela ação de forças destrutivas em sua
natureza, chamando-o para uma outra realidade, para um novo comportamento
ético”.
Os pais precisam indicar
um novo caminho através da autonomia, abrindo mão de sua presença afim de que a
criança se transforme, saindo da esfera egóica e resgatando esse amor que será
apresentado de outra forma, não servindo, mas conduzindo amorosamente para que aconteça
a mudança, as forças destrutivas deixam de existir apenas através da
transformação.
“LUZ irradiava na escuridão, mas a
escuridão não a compreendia e essa luz estava no mundo entre os homens, mas
destes apenas poucos eram capazes de compreendê-la”.
Observar o
comportamento da criança e indicar o caminho, deixando-a caminhar com suas
próprias pernas é uma tarefa difícil para muitos pais, pois a incredulidade de
que a criança alcance essa conquista é maior do que o desejo de que ela possa
acabar se independendo dessa ajuda, que deve ser temporária e estimulada na
medida adequada.
JOÃO BAPTISTA como precursor de JESUS
CRISTO, pode dizer: “Eu vim ao mundo e fui aquele que preparou o caminho para
um ser superior. Com minha boca exterior anunciei que o reino de DEUS, o reino
dos Céus está próximo e que os homens devem modificar sua atitude interior”.
A criança preenche um
grande vazio na vida dos pais, um desejo inconsciente de perpetuação, de deixar
uma continuidade, uma semente, vêm de encontro à uma completude que é
passageira e ilusória, pois na verdade, nossos filhos não nos pertencem, apenas
convivemos uma fase de sua vida com eles e a nossa missão é prepará-los para
agir no mundo, ajeitamos “joaninamente” o momento em que eles aparecerão e nós,
então, poderemos nos recolher.
“Agora decrescerei (disse JOÃO), mas,
Ele, o SOL ESPIRITUAL crescerá e sua LUZ irradiará na escuridão”. (O Evangelho
segundo João – Rudolf Steiner – ed. Antroposófica – São Paulo, 1996).
Saber o momento de se
retirar e deixar que a criança demonstre esse aprendizado com suas próprias características
costuma ser algo adiado por muitos pais, por diversos motivos, mas que
inconscientemente revelam a fragilidade e a incapacidade dessa exibição, afinal
os filhos são a referência narcísica dos pais e nem sempre a exposição dessas
fraquezas é suportável, será geralmente preferível que essa demonstração seja
retardada mais um pouco. Na verdade, é um engano pois, mais cedo do que
imaginávamos os filhos crescem, batem as asas e sem permissão voam para longe
do ninho, independente de nosso desejo ou vontade.
Somente poderemos observar o reino
dos céus se modificarmos nossa atitude interior diante dos outros e diante
de nós mesmos. O aprendizado que João Baptista nos ensina é que devemos saber
que algum dia outro irá se apresentar e, certamente, nos substituir. Esse
entendimento, aparentemente simples, apresenta muitas consequências em nosso
psiquismo e modo de agir, a começar pela própria referência narcísica que deve
ser desconstruída já que o objetivo é sairmos do foco, cedendo lugar a outro e,
nesse caso, ceder, significa literalmente transferir, doar, transmitir, abrir
mão desse poder, simplesmente dar o seu lugar ao outro.
Quando relacionamos a atitude joanina
com a vida prática (esse é o exercício difícil de vivenciar), aceitar a opinião
de outra pessoa já seria um primeiro passo. No entanto, nossa esfera
egocêntrica geralmente não oferece obstáculos e costuma aceitar os pontos de
vistas, as ideias e teorias que se coadunam com as nossas convicções, o
problema surge na oposição, ou seja, nas contradições e opiniões contrárias às
nossas. Uma predisposição nesse sentido, uma tolerância inicial já seria promissora,
respeitar a ideia do outro com acolhimento sem rejeitá-la a princípio, já é um
alento, uma conquista, nem sempre fácil. Desse modo a intenção já adquire um
outro aspecto totalmente diferente.
Sob o ponto de vista da educação
infantil, a autonomia serviria como um bom exemplo. Ensinar à criança a fazer
uma determinada tarefa, promovendo seu aprendizado e tornando-nos cada vez mais
desnecessários para nossos filhos é um trabalho, às vezes muito custoso, mas
absolutamente necessário. Sair de cena, de maneira gradual e em confiança,
deixar que a criança, dentro de suas limitações, possa executar também as suas incumbências,
com incentivo, paciência e persistência é imensamente produtivo. Tendo em mente
que haverá o tempo de entrega e todo o esforço empregado em ensinar foi feito e
a partir daí, um novo processo se inicia.
Quando lembramos da contribuição de
Steiner a respeito dos Doze Sentidos, em que diversifica e classifica os
sentidos em três grupos (Sentidos Primários, Corpóreos ou Volitivos: TATO,
VITAL, EQUILÍBRIO e MOVIMENTO – Sentidos Afetivos, Intermediários, Emotivos ou
Anímicos: OLFATO, PALADAR, VISÃO e TÉRMICO – Sentidos Superiores, Espirituais
ou Cognitivos: AUDIÇÃO, LINGUAGEM, PENSAMENTO e EU ALHEIO), como possibilidades
da individualidade humana interagir e se expressar no mundo, novamente
poderemos lembrar desse princípio ensinado na atitude de João Baptista. Para
que o sentido do EU ALHEIO, cujo mérito é exatamente o de acolher a opinião
contrária, o que não significa aceita-la de forma integral, mas como
disponibilidade afetiva, possa realmente acontecer é necessário o
desenvolvimento do sentido mais primário (TATO) que então irá se metamorfosear
naquele mais espiritualizado (EU ALHEIO).
O TATO primário irá se transformar em
algo mais sutil, saindo da esfera física, volitiva e se direcionando para algo
mais cognitivo e espiritual, o EU ALHEIO, onde a opinião do outro terá a mesma
dimensão e valor que a nossa própria e assim, desse modo, poderemos evoluir
como seres humanos. Porém, esse esforço requer que a atitude joanina seja
trabalhada interna e incansavelmente dentro de cada um de nós.
Leitura complementar (livros de Rudolf Steiner - editora
Antroposófica):
*O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO
*O APOCALIPSE DE JOÃO
*TEOSOFIA
*O CONHECIMENTO DOS MUNDOS SUPERIORES
*CIÊNCIA OCULTA
*A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SEGUNDO A
CIÊNCIA ESPIRITUAL
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