WAGNER
O pai deu ao filho único o nome de Wagner, fez questão do dábliu, se tivesse outro se chamaria Wilson e se fosse menina Waleska, pois gostava da letra. Ele José, filho de João e neto de Francisco quis fazer diferente e desde cedo traçou para o menino uma trajetória de vida que ele próprio jamais conseguira trilhar a começar pelo nome que fazia questão de registrar é Wagner com dábliu e vai ser um escritor, um poeta. Pronto, estava traçado o seu destino.
O pai
incentivava ou melhor exigia do menino que colocasse no papel alguma coisa, uma
poesia, um verso pequeno que fosse, tantos livros comprados, nada lhe
inspirava? José insistia: - Faz um versinho aí Wagner.
O menino se
esforçava escreveu em um papelzinho, caprichando na letra, um versinho para
agradar o pai. Aquilo emocionou José que mesmo não entendendo o significado, considerou
que o dinheiro investido nos livros tinha valido a pena e o filho estava no
caminho certo, seria um poeta, sem dúvida.
José não mediu
esforços e ofereceu ao filho o melhor estudo que seu salário de pedreiro
poderia dar, nunca lhe faltaram livros, incentivos e também cobranças e quando
o menino, dentro de casa, espichava o olho para ver o jogo de bola que as
crianças brincavam na rua, o pai atento reclamava:
- Concentra no
livro Wagner e me conta o que está escrito aí.
Se o pai acalentava
para o filho um futuro cercado de livros e letras o menino por sua vez
imaginava jogar em um grande clube, fazer muitos gols, viajar pelo mundo, viver
no estrangeiro e ouvir o seu nome ser gritado nos estádios como um grande
craque. Mas nada disso aconteceu, a vida tem seus próprios caminhos. O pai
morreu antes de ver o filho se tornar um poeta e este por sua vez também não
foi um jogador famoso, resolveu fazer outra coisa, talvez para agradar o pai
escolheu ser professor de literatura. Apreciava os versos de Drummond e
Fernando Pessoa e rabiscava no papel alguma coisa, mas nunca superou o versinho
escrito na infância, gostava de seu ofício e estimulava a leitura de seus
alunos apresentando autores e incentivando as crianças a tomarem gosto pelas
palavras dizendo:
- Livros podem
ser os seus grandes amigos!
Certa vez, depois da aula, recebeu de um aluno um papelzinho dobrado.
- O que é isso? (perguntou ao aluno).
– É um presente que fiz prá você professor.
Wagner abriu o
papel dobrado e leu o verso: "O Pássaro Preferiu Permanecer Preso, Próximo, Perto,
Porque a Prisão o Protegia de Prováveis Possibilidades de Partir Podendo Praticar
Pecados". Não acreditava que uma criança de sete anos havia escrito aquilo,
duvidou:
- Foi você
mesmo que escreveu isso?
– Fui eu mesmo
professor (respondeu o menino).
Aquilo só
podia ser obra do pai que colocou justamente no seu caminho um poeta promissor.
O professor riu e perguntou se o menino gostava de ler.
- Eu adoro
professor.
- E de
futebol, você gosta? (quis saber).
- Prefiro ler.
(disse o menino).
Foi buscar um
livro de poesias e deu de presente para o menino que sorriu de alegria. O
professor satisfeito também sorriu com as voltas que o destino trás e disse ao
garoto:
- Continue
escrevendo e leia bastante, você tem talento para ser um poeta.
E o menino foi
embora feliz, um pequeno aprendiz de poeta chamado Walter assim mesmo com com dábliu,
José deveria também gostar.
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