A
ESCOLA IDEAL PARA MEU FILHO
Entre
outros desejos, os pais procuram uma escola para que seus filhos possam
aprender a escrever e ler, onde possam também se divertir com segurança e que
encontrem professores que se preocupem com o desenvolvimento infantil e que
possam ajuda-los na difícil tarefa de ensinar valores morais, éticos e sociais,
um lugar em que a criança possa ser feliz, enfim, todos nós, almejamos encontrar
uma escola ideal para colocar nossos filhos e, desse modo, podermos dormir
tranquilos com a sensação de dever cumprido. Mas, qual seria a escola ideal que
cumpriria esse papel, ou ainda, existe alguma escola assim?
Acredito
que sim. Embora algumas questões precisem ser observadas. Por exemplo, seria
interessante saber qual é a expectativa que os pais têm em relação a essa escola
e se essa mesma expectativa está sendo observada a contento, de ambas as
partes, inclusive. Explico, muitos pais anseiam ver seus filhos aprenderem a
ler e a escrever com perfeição e se decepcionam quando observam seus filhos
muito “atrasados” quanto a isso, principalmente quando comparados a outras
crianças da mesma idade.
Questionam então a pedagogia, criticam a
metodologia, ficam frustrados com o desempenho das crianças, e desestimulam não
somente a criança que percebe essa decepção, mas também a própria escola, na
figura do (a) professor (a) que se sente desestimulado, na verdade, esperavam
mais do que estão vendo. No entanto, às vezes se esquecem de ver a criança como
um todo e essa “falha” no aprendizado acaba sendo o fator que mais lhes chama a
atenção, mas aqui caberia perguntar: - Essa criança gosta de ir à escola, ela
brinca na escola e sabe pular e correr pode fazer tudo isso nesse ambiente escolar
que frequenta?
Nos
primeiros anos de vida essa deveria ser a tarefa dos professores: ensinar a
criança a pular corda, correr em uma perna só, andar em cima de um muro baixo,
subir em uma árvore, explicar pouco e brincar bastante com elas... essas
“brincadeiras” estimulam e preparam a criança para assimilar futuros conceitos
e interiorizar informações de uma maneira mais adequada. O oposto não seria
interessante para a criança, poderia satisfazer ao exibicionismo dos pais que
poderiam apresentar seu filho que já sabe escrever o próprio nome e ainda
contar até vinte com cinco, seis anos de idade, mas o questionamento que também
deveria ser feito é: - Qual a serventia disso tudo para a própria criança?
Nas
escolas onde a pedagogia acompanha o desenvolvimento infantil, esse cuidado é
observado com critério e essa preocupação também tem uma conotação médica,
pois, esses estímulos racionais precoces geram consequências nem sempre
agradáveis, porque “apressamos” a maturidade e introduzindo conceitos e
fórmulas cedo demais (antes dos sete, oito anos), corremos o risco de “engessar”
a criança e isso seria um desastre tanto pedagógico como também médico, pois o
corpo passa a reagir com doenças (insônia, hiperatividade, ansiedade, falta de
concentração, distmia, inapetência, terror noturno...).
A
escola ideal somos nós que fazemos para os nossos filhos, quando escolhemos uma
escola e procuramos entender seus métodos, quando pedimos explicações e fomos
orientados com transparência e objetividade, quando questionamos e somos
acolhidos e guiados, mas para isso, precisamos também contribuir; temos ainda
as nossas tarefas, ou seja, precisamos estar preparados para aceitar aquilo que
nossos filhos nos trazem de novidade, participando das propostas da escola,
fazendo parte dos mutirões e das reuniões de classe, podemos nos inteirar do
que acontece na sala de aula, nesses encontros podemos esclarecer nossas
dúvidas e perguntar sobre o desenvolvimento psicossocial da criança, como anda
seu aprendizado, como ela se comporta com os colegas, como é a criança longe
dos nossos olhos e também conhecer as famílias que optaram pela mesma escola
que nós e que talvez tenham as mesmas dúvidas e angústias que nós também temos.
Desse modo a escola passa a ser também uma segunda casa para a família, uma
extensão compartilhada com a criança que passa nesse espaço um grande tempo de
seu dia.
A
escola ideal deveria ser uma continuidade de nossa casa, onde elegemos um (a)
professor (a), cuja principal atribuição seria antes de qualquer coisa, a
condução de nosso filho, aquele em quem confiamos nosso grande tesouro, desse
modo também selamos um compromisso, ou seja, a confiança também requer espaço,
tempo e crença em que esse profissional pode fazer um bom trabalho,
principalmente quando podemos proporcionar à criança um ambiente semelhante,
seja ouvindo com paciência e interesse o seu dia-a-dia na escola, seja
repetindo em casa algumas novidades que a criança traz com entusiasmo, como os
contos de fada ou as histórias que ela aprendeu na escola, compartilhar esses
momentos são privilégios que não deveríamos abrir mão.
Enfim,
a escola ideal é feita além da confiança, de uma base fraterna, nesse ambiente
os pais, o corpo docente, os colegas, os funcionários, as crianças aprendem a
se conhecer, pois todos se encontram ligados uns aos outros, e passamos a
respeitar cada um do jeito que é, porque a fraternidade permite isso, inclusive
podermos contar com essas outras pessoas, como se fizessem parte de uma grande
família que passa a ser a nossa segunda casa, a comunidade escolar. Essa seria
a verdadeira contribuição de cada um de nós pode fazer do seu modo para eleger
o lugar que nosso filho junto com os filhos de outros possa encontrar o caminho
mais adequado à realização de suas potencialidades, o papel da escola e dos
adultos condutores dessa criança é tornar isso suficientemente viável.
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Médico na Escola
Dr José Carlos Machado
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