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terça-feira, 6 de novembro de 2018

FAMÍLIA - URGÊNCIAS E TURBULÊNCIAS - resenha de livro





FAMÍLIA - Urgências e Turbulências
Mário Sergio Cortella
Cortez Editora (2017)
141 páginas

O escritor e filósofo Mario Sergio Cortella já avisa na apresentação desse livro: “Nós temos hoje urgências e turbulências na questão da família. E algumas dessas urgências não podem ser adiadas. Precisamos nos lembrar de que, em muitas situações, é melhor agir cedo antes que seja tarde”. E está certíssimo o professor, os consultórios estão repletos desses exemplos onde muitas famílias parcial ou completamente desestruturadas procuram ajuda porque já não sabem mais o que fazer com seus filhos e com suas próprias vidas, afinal o que e como fazer para mudar esse quadro?
Essa é a proposta desse livro que em dezessete capítulos tenta trazer um pouco de lucidez às turbulências atuais que as famílias se defrontam. Angústias da criação turbulenta, Turbulência na autoestima!, Tudo tem limite! Enfrentar a turbulência, esses são alguns dos temas em que o mestre vai tentando destrinchar essas agitações que as famílias enfrentam nos dias de hoje. Enumerando-as, mas não oferecendo soluções fáceis, pois quem está acostumado com a literatura de Cortella sabe que o autor é um grande provocador e habilidoso com as palavras trazendo a partir de comparações com sua própria experiência pessoal que existe sim uma possibilidade de enfrentamento desde que consciente e operativa.
Entre tantas observações que recheiam esse livro destaco uma delas que me parece ser a síntese do conceito de família que causa tanto rebuliço nessas questões turbulentas, justamente por sua definição, em que o autor ensina que: “Uma família não é uma instituição democrática é uma instituição participativa. A organização democrática tem o pressuposto da igualdade de direitos e, portanto, também da igualdade de responsabilidades. Numa família, a responsabilidade dos adultos sobre aqueles que educam não é idêntica”. E isso faz toda a diferença, pois a hierarquia, a própria estruturação familiar não acontece quando transferimos a responsabilidade para aqueles que não têm ainda condições de realiza-las, mas que também, caso os adultos permitam que isso se cristalize, essas mudanças não acontecerão, realmente é preciso transformar essa equação.
Essas mudanças dão trabalho, pois de ambas as partes existe uma cômoda relutância quer sejam dos pais que consideram que a família está desestruturada por essa ou aquela situação que se tornou irremediável e, portanto, desistem ou por conta dos filhos que não sendo cobrados continuam aguardando alguém que os questione e relaxam e quando isso não se modifica até as turbulências vão se tornando aceitáveis.
A melhor indicação que considero neste livro é que o autor insiste na ideia de que é possível sim dar a “volta por cima” e que podemos encontrar soluções, gostando e tendo prazer pelo trajeto percorrido para transformá-las e que pode ser difícil, arriscado e temeroso, mas absolutamente necessário. As urgências e as turbulências nunca cessam, mas precisam ser enfrentadas para serem modificadas, como dizia o poeta Paulo Leminski: “No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela – silêncio perpétuo; extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar para trás. Lá para trás não há nada e nada mais, mas problemas não se resolvem, problemas tem família grande e aos domingos saem todos passear o problema, sua senhora e seus pequenos probleminhas”.

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